quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Silêncio

  Já não era mais amor.
  Ela era passional demais pra ser indiferente. Ela sentia muito.
  Na porta aberta, retalhos mal costurados dentro do quarto/mundo. Era o seu mundo. Um mundo tão grande.
  Ela via.
  Ela ouvia.
  Ela não queria.
  É cruel.
  Você devia saber disso.
 
  O que há de errado com eles agora?
  Está quieto demais, olhos vermelhos demais.
  Excesso de sal ou de ferro?
  Olhos roxos demais.
  Ametista ou olheiras?
  Era anil.
  Era céu.
  Era céu.
  Era abismo.
  Era seco.
  Era fundo.
  Era poço.
  Sem fundo.
  Ela estava no ar permanentemente.
  Ela caía.
  Em poço seu, em infindáveis quedas ela via outros pobres descuidados nem tão ingênuos assim, que já caíram ou já haviam caído.
  Ela continuava.
  E se divertia.
  O que há de errado com eles?
  Caem aos pés.
  Caem aos montes.
  Infindável queda.
  Estava escuro.
  Eu ainda não disse isso.
  Estava escuro.
  Ela só via os corpos.
  Talvez a pele reflita melhor esse tipo de luz.
  Negra.
  Os corpos não eram brancos.
  Nem virgens.
  Nem sujos

sábado, 12 de dezembro de 2009

Moralidade casual


  Eles não se viam há muito tempo. Na verdade, não se falavam há muito tempo, nunca haviam se visto.
  Ela estava mais velha, ele puxando pra um negro azulado, mas disse estar gostando do dourado.
  Ela já seduziu muito bem, acessos de indolência, ele já caiu muito bem, gosta da conivência, hoje já não mais.
  Ela está linda e mais velha, ele continua barbudo e mais impessoal.
  Os dois recomeçam a conversar, sempre se fizeram um bem mútuo de maneiras diferentes. Os gostos eram bons e as cores sempre quentes.
  Tudo diferente mas nada de novo, saudades daquela vontade de fazer parte, sebos de terça-feira e pequenas lições subliminares de moralidade. Eles conversam e ela passa vontade. Muito sexo, filmes europeus e rock'n roll.
   Eles se despedem: "Até mais minha salvação tardia" ele diz.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Jardim



  De cabelos molhados após banho de suor que você me deu.
  O teu presente de boas vindas é sempre um olhar enigmático que me convida a te desalinhar todo até descobrir em que parte do corpo se ocultam as palavras de hoje que você escondeu.
  De maçãs do rosto rosadas e ardendo em brasa você forja em mim todos os seus segredos escondidos em cicatrizes pelo corpo. Te ajudo a soldá-las e sugá-las o que delas transbordar, pois de dentro delas sempre sai um fiozinho bem tênue, etéreo, quase transparente que se você não tivesse me ensinado eu não conseguiria ver. Este fiozinho é por onde sorvo tua essência, mana de magia pura vinda da alma. Ela me envolve toda e ficamos infusas. Tua alma e eu. Teu leite e eu. Tua nata e eu. Essência a essência, e é assim que você vê que dos meus olhos também vertem alguma coisa; gotas salinas que você bebe e lá de dentro elas te gritam ao organismo que o meu cinismo já não é mais pra você. Que o meu sarcasmo maldoso é asco da sociedade que tanto  me maltrata quando a tua mão não está lá pra me pegar pela cintura e me fazer sentir capaz de produzir e jorrar amor aos mal-amados, pra cochichar ao meu nariz cheiros de lençóis passados pela nossa pele de ferro em brasa e de janela aberta em louvor ao céu.
  Dos cataventos coloridos e brilhantes que eu olho fascinada pensando que se eu me esforçasse um pouco mais eu me desmancharia em sementes e me nasceria girassóis de inúmeras pétalas a te seguir com meus múltiplos olhos enquanto você me tateava com inúmeros sentidos, como se vida nossa fosse apenas uma poça que se pisa com força e se semeia do líquido fresco, asfalto molhado com mel.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Monstro.

  Porque não é comigo. Eu não deveria me importar, e não me importo.
  Meus gritos calados pelo pó do silêncio (ou só poeira mesmo) são velhos, mas não é comigo.
  Estou jogada, vulgar e profana, dando ilusões a qualquer um.
  Estou usada e lixada, me despedaçando e tão comum.
  Porque não é meu.
  Este corpo, ele não é meu, por isso me desuso e me abuso, porque não é comigo, por isso não ligo.
  Minha cara roxa e inchada, é pancada de vagabundo que disse me amar há um segundo e depois que termina pede desculpas, mas não é pra mim embora eles me olhem.
  Meus dedos são lixas ásperas que te roçam o rosto para sentir na pele que não sou delicada, que não sou nada, nem sua.
  Aquela que me consome, com curvas loucas e pele quente, me merece vulgar como sou, mas a desprezo. Desprezo assim como desprezo a todos que sentem qualquer coisa digna por mim, porque eu sou suja e quero coisas sujas, porque eu sou sua embora não pertença a ninguém mais que me queira.
  Como se fosse necessária a verdade, precária a capacidade de se desejar algo mais que não eu.
  Na rua larga, a caminhar no meio, longe do meio-fio, no fio tangente que me abrange como larga passante precisando de espaço, precisando de um braço. Não me basto mais, mas não me importa, não é comigo.
  As portas se fecham enquanto não finjo nada, é o medo do inesperado, daquilo que não se pode controlar. É o medo do inevitável que  faz nos extinguir. Era história e história virou agora, mas ninguém lembrará. Não era pra mim.
  Como se a vida fosse algo atingível, transferível, doável,quiçá adorável, mas ela não é minha. Esqueceram de me dar e eu não fui buscar, porque não me importa, não era pra mim, não é comigo, como se nunca tivesse sido.
  Como se atrás do guarda-roupa da casa mais bonita morasse uma tribo de canibais que os de reputação se esforçam pra esconder, mas eu consegui fugir e agora estou com fome, por isso preciso de um braço.
  Sem sentido algum, entregue a desvario meu, ainda querendo algo fresco pra sentir em meu rosto. Poderia ser um seio, gosto de pele. Poderia ser um muro, para o meu rosto roxo e ainda inchado. Poderia ser aquele braço. (Sem saber que na caixa de sapatos empoeirada embaixo da cama ainda há algumas balas cheias de pólvora, e eu ainda sem arma...). Mas não me interessa, não é comigo.
  Dentro dos livros de capa dura e folhas ásperas me guardam palavras alheias que nunca me entederão porque não estão lá pra isso. Preciso de um livro altruísta  para poder desprezá-lo, a banevolência me  castiga.
  Minha cama profanada por mim não me aceita mais, sou obrigada a dormir no chão, ser engolida por ele todas as noites e ter pesadelos horríveis dos quais eu gosto tanto, mas eu preciso de mais. As injúrias do meu consciente para o meu subconsciente precisam ser mais injuriosas para que eu sinta alguma coisa pois tudo em excesso beira a indiferença. Mas ainda não é pra mim. E minha tribo de canibais ainda não sentiu minha falta, mas não me importa, porque não é comigo.
  Me beije, deixe que eu te sugue e no final te morda até sangrar. Quero o sangue da tua boca pra fazer uma sangria em você. Todos os teus males estão no sangue, pra depois eu te desprezar.
  A minha  boca seca e de papelão é grossa e ácida, por ela já passaram tantos pântanos, tantos sapos ignorantes que nem princíp(e)ios tinham. Mas eu não me importo, esse corpo não é meu, não é pra mim, não é comigo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Como Representar num Palco?

  Dentre muitos pensamentos estive pensando em como manter a forma.
  De um círculo ou um quadrado, a melhor maneira é manter a linha reta. De certo modo não é improvável equilibrar-se em duas linhas paralelas, tênues e constrangidas.

  A melhor forma fisica de se representar então, é sem duvida, o imaterial...

(IM pulso)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

tim tim

  Me trinco. Na tranca da porta, pela fechadura, observo como se comportam as coisas que excluí de minha esquizofrenia.
  Me tranco.
  Me pego no tranco. Sempre lenta demais.
  E no tranco, trancada por cima de trincos trincada demais, tilintando e tinindo.
  Tranca da casa, trinco da máscara. Tilintar do vidrado.
  Porque a ana se importa.
  Tudo virado, vidro trincado, caramelo quebradiço, eu mestiço.
  Meu vício no início. Nada de comprimisso. Me visto. Visçosa, indolente talentosa.
  No olho quebra. Deixa disso. Bem quisto. Deixa disso. Bem visto. Deixa disso. Ainda vidra o alienista.
  Tlintando. Quebra. Deixa disso.
  Por isso tinindo, brilho trincado.
  Garrafa   vazia,  jás vadia.  Bebida sadia.  Viscoso   viço.   Pedaço  líquido   de              a(ma)rga.massa. Cara.melo. Melo.
  Deixa disso.
  Vício sadio, indolente vadio, insoso vício. Visco disto. Alien.dista. Nista. Sádico. Saúde. Tilintando.
   
  tim tim.

domingo, 29 de novembro de 2009

Tendências

  Por onde passo marco setas coloridas.O mundo é meu alvo.Se te acertei foi mero acaso.
  Não me desculpe pois não peço desculpas.Não me olhe pois não peço platéia.
  E se eu te disser que já me acostumei com as cadeiras vazias? E se eu te disser que nunca foi essa minha intenção?(Sou apenas indolente).Não,você não vai acreditar. Eu não quero que acredite.
 E se eu te disser que você não me surpreende? Que nunca me surpreendeu? Que perto de você eu beiro a indiferença.Que  perto de você eu sou má,e eu sou tão essencilamente boa...Não diga que me ama a não ser que queira que eu pise nesse amor.
  
 Eu me mostro para as lunetas.

  Quer ver minha sacola?Hoje apenas comprei incensos e alguns aquários. Sonhei com peixes noite passada. Se foi só isso? Nunca é. Ainda é um sonho. Não percebeu que você não passa de um impulso nervoso meu?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Senhores Humanóides não veem o que têm de fazer?


Oh, sim meus queridos irmãos de cérebro,temos capacidades!




Destruam tudo, deturpem  os atos mais trivais,humilhem os celestiais e vulgarizem a perfeição.
É isso o que têm de fazer e o fazem tão bem.
Crises de correspondência.

Tempo suicidado em gotas verbais.

Pre(ju)dicado,o sujeito,coitado,esqueceu de predizer.

Futuro sem pretenção.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

me devore e deixe(-a,) a carne
Teus ince(stos)nsos me defu(ntam)mam.



           

      Sua língua está no  meu

                      
                     caminho.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

RECORDE

Olheiras enormes em curtos espaços de tempo.


                                                   Quem dá mais?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Deser(ta)da(da)

  Eu tinha olhos absurdamente verdes e estava num deserto. Estava perdida. Sabia o que fazer pra não mais estar, afinal, era uma filha do deserto, mas gostava da sensação.
  Estava sentada na areia e uma ventania avassaladora intuia me desintegrar, pelo menos era isso o que estava acontecendo com as dunas, fazendo com que as dissolvese e as edificasse em segundos. Mar revolto, mutável e instável.
  O sol estava  a pino, meu mentor a atormentador. De tão forte me impedia de olhar pra cima, ofuscando qualquer intenção minha de ver o céu, a não ser pelo horizonte, e isso também se tornava cada vez mais difícil pela chuva de areia que só  não me penetrava os olhos pelos meus cílios abundamntes e longos. Fartos.
  Minhas roupas eram leves dando a sensação de que sairia voando a cada rajada maciça e emparedante de vento.
  Subitamente uma pressa me invade e sinto que tenho que ser rápida, mas não posso correr, o vento e as dunas me impediriam. Então levanto e movimento-me segundo os conselhos do vento: teria que me mexer como ele, no mesmo ritmo. Também sílfide.
  As dunas são ondas quentes.
  Levanto e pego um punhado de areia/mar em minha mão e o jogo do alto: ele se dispersa em todas as direções. Sei exatamente aonde ir. Com leveza rápida, lépida e leve caminho sem passos numa distancia de talvez três metros, então abaixo, pego outro punhado de areia/mar e o jogo do alto. Ele outra vez se dispersa por todos os lados e mudo completamente de direção. Repito isso por várias vezes por uma tempo de talvez duas horas.
  Encontro um oásis.
  Paro e admiro-o. Suas águas são tão verdes quanto os olhos meus. Meus olhos diluem-se diante de tal visão. Talvez origem, talvez fim. Ando em direção à água e nela mergulho. Longo mergulho.
  Quanse fico cega.
  Quando volto à superfície, percebo que o vento está feroz e arrebatadoramente mais forte. Vejo agora que ele está varrendo as dunas e dispersando a água, o que sobra não é mais chão. 
  Olho para o meu corpo e vejo que ele também está.
SER POETA
              É FAZER SURGIR

DA BOCA DE QUEM NÃO FALA
                       
                                                      PÉTALA

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Refazenda

  Quando meus pés tocarem o chão,
  quero sentir o olho me fazer cócegas
  que as morsas me pareçam leves
  que a neve me aqueça as costas
  e que as apostas sejam esquecidas
  numa poça dessas bem esmaecidas

  Quando a mitologia revelar seu nome
  quero a História de tinta nova
  e o que me motiva sejam Odes do tempo da poesia pragmática e do amor dogmático.
  Que pragas do amor mut(u)alizado não recaiam sobre os mesmos ímpios,
  para que os arrrepios sejam em outras estações.

  Quando a chave se perder em minha mão,
  quero flores chovendo o chão
  quero flautas chorando o fel
  a guerra romper-se em mel
  quero a cor da hematita pintada no céu.

  Quando o viscoso escoar,
  na casa mais antiga da história mais bonita,
  a colina rasa se estenderá por sobre meus pés
  e lírios tigre se mesclarão aos meus cabelos em mechas madeixas
  por onde se esgueiram os segredos da terra,
  por onde se encerra a cada serra passsante
  em cada sonho errante de realidade cadente.

  Quando as palavras semearem a mente,
      Que se faça a chuva
      Que se faça sol.
  Que se molhe a Lua presa ao firmamento por anzol
  para pescar admiradores:
  boemios e trovadores,
  seresteiros e amantes,
  que antes já foram desamores.

  Quando o mar secar a minha boca,
  que minhas constelações feitas de sal
  se banhem no mais puro anil.
  Por onde passam prazeres
  que se faça a sorte em sua essência mais vil.
  Que os ventos me abençoem da primazia da rosa,
  que venta e se espalha por espelhos
  de finas laminas salinas
  onde rendas finas namoram a terra.

  Quando a estrela  se desmaterializar
  que a açucena se desfaça em feixes de luz
  que a amarílis floresça nos horizontes cálidos de Caiena
  em doces gotas de caiana
  que a ana de tantos sufixos e prefixos
  se fixe no céu e se derrame sem nexo, sem sexo e nem eixo
  eu deixo.

 

Pa.piro

                       O chão papiro pira cada vez que piso na pira
                       onde se encontram palavras queimadas pela (l)ira

.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Violentando

  Os sabiás que me sabem ser assim como sou, me aparecem esporadicamente. Não me contam nada, mas me cantam odes da época em que eu ainda não conhecia flores.
  Os bem-te-vis, que me veem e vêm todos os dias me ver bem de perto, esses sim gostam de mim ou talvez do que veem. O que lhes vêm com frequência constante é aquele amarelo que não sei se já gosta de mim. Aquele peito pomposo quase me parece uma prece ofegante cheia de promessas que eu tento não mais acreditar. Mentiras? Não, nunca foram. Mas quando se aflora a tendência é desconfiar mais pois a beleza atrai de tudo.
  Uma possível erudição vem da rua infeliz. Entorna tudo com voracidade, olha pra cima, bebe o céu com os olhos e sente-se diluindo mais do que antes já estava, já que agora é minguante dispersa.
  Traz constelações à boca e areia na alma. Um vento abala o firmamento e leva sedimentos. Aceita a vida e muda sentimentos, se permite clichês e percebe que pode ser feliz vivenciando um, mais do que se abstraindo do óbvio.
  Tenta se limpar com a pureza dos ou(t)ros e sente-se melhor com o descostume alheio, coma falta do que fazer com os braços, com arrebatamentos desajeitados em aramários.
  Anda olhando pra cima, fincando calcanhares apesar da leveza de alma; não chega a lugar nenhum, nem a si mesma, talvez à promessas de uma futura vida de entendimentos e calmaria. A calma iria e riria de si se visse como andam agora as coisas por ali e por aqui a calma apenas seria uma calma que iria talvez virar calmaria mas não riria se apenas encontrasse entendimentos desentendidos, pois a compreensão é outra coisa, e a calma que viria a ser calmaria ambígua seria se desacompanhada de desentendimentos e compreensões desaparados.

domingo, 27 de setembro de 2009

Promessa

  Com olhos injetados:
 
 -É que eu tenho medo... -soluço molhado- ... medo de que você não consiga ser feliz...
 -E de que você também não seja?
 -Não, - Eu já descobri o meu caminho, penso - medo de que você nunca encontre algo que te satisfaça, você não está feliz, está perdido e não sabe o que fazer.
 -Mas eu ainda vou achar. Responde com rosto seco.
 -Promete?


Soluço molhado.

domingo, 6 de setembro de 2009

Sinestesia


O abismo é meu melhor espelho.

Grito pra ele e ele me retorna: GRITO! ITO! Ito. ito...

Paro pra ouvir(-lo). (Me)ouço com atenção e sinto as cores da minha voz. Melhor que qualquer imagem refletida pseudossimétrica. Você sempre vê o que quer, mas não há como peneirar o verbo.



Paredes impermeáveis, não há como absorver o meio. Encaixotada e repetitiva.

na boca

Foi na boca.

Boca é palavra sugestiva. No começo é um som cheio, que preenche tudo; depois é oco, seco, faz eco. Pede recheioFoi na boca

Exílio


À minha direita caminha um velho e à minha esquerda há um cachorro. A rua é de uma claridade turva. Além destes, penso estar sendo seguida. Olho pra trás: desconfiança confirmada. Sem pretensão alguma um menino me observa. Continuo a caminhar no mesmo ritmo, sem medo nem autoconfiança.
  Estou cheirando a nada.
Percebo então, sem espanto algum que a rua está vazia. Não há pessoas, não há carros, apenas o barulho de (meus)passos (alheios), apenas o som típico do mundo que começa a funcionar aos poucos.
  Mais à minha frente reconheço o esboço de uma larga ponte de madeira bem grossa e muito antiga.
  Aos poucos percebo que depois da ponte há um jardim muito grande e bem no meio há uma árvore, nem frondosa nem indiferente e sem fruto algum. Os animais fora do Éden. Paro ao pé da ponte e sinto que aqueles três pares de olhos me dizem pra dar meia volta. Dou as costas para a ponte e ando com displicência meticulosa.
Olho para o chão, estou descalça e não sinto o asfalto. Recomeço a andar e epenso que a vida é engraçada.

Releitura


  Do incessante relógio ao ônibus desastroso. Penso lá fora.
  Encontro casual, moralidade sensual.

[Olhe nos meus olhos e o circo pega fogo.]

  Vozes guturais sendo reconhecidas. Estremecerei imaginando. Olhe aqui dentro e o circo. Eu o cerco. Me seco. Derreto. Dormirei pensando.

[E o fogo.]
 
  Na gaveta aberta, um frêmito de papéis sussurrados. Surrada, violentada e condenada beijarei a boca.

[E o circo pega.]

  Dos móbiles ao chão. Do colchão á coxa. Da mancha roxa. Te darei lá fora.

[E o fogo pega.]
 
  Cega, da bailarina à sapatilha, dedilho minha cítara o que outrora citara a Índia.

[Circo fogo.]

  Tragarei a fumaça envolvente e trago o envolvente. Trarei enquanto trago. Trago enquanto traço envolvente fumaça a tragada que trará o fogo pra mais perto.

[E o circo.]
 
  Levantarei da cama e olharei pela janela. Já está nela aquela foto. O retrato tratado como trato indelicado.Deliciado com a vista, o outro que agora é fulano e outrora cigano adorara, adorará, adornando e tornando mais indelicado entornará.

[E o fogo é o circo que pega.]

  E o animal fora do Éden come suculenta fruta enquanto desfruta lenta e sedentamente. Bom dia de trabalho.
  Levantarei da cama e olharei pela janela, pensarei lá fora e o circo pega fogo.
  E o diluído é um ácido fraco que o corrói, é uma frase solta aquilo envolta e o vão aquilo que o traz.

[E volta.]

  Solta.
  E solto, no desequilíbrio constante, pensaria só um instante em como seria pensar igual.

[Olhe nos meus olhos e pega.]

terça-feira, 14 de abril de 2009

Atestado de óbito


  Há certas coisas que não devem se mexidas, não devem ser feitas, não devem ser lembradas. Uma fatalidade ainda não possuir o dom dom de esquecer, mas minha tolerância relativa anda relativamente bem.

  Andei e corri pensando em deixar muita coisa. Me surpreendi em perceber que não havia melhor momento para colocar ação em meu verbo. Me surpreendi em perceber que o meu corpo está ficando mais velho e minha mente... mente e continua me traindo, dissimulada que é. Vou entrar no meu ano novo velha, cada vez mais inconsequente e mais consciente. Minha consciência me mata. A consciência de minhas ações me matam. Até o dia que minhas ações me matarem, ou o que vier primeiro.

  Deixo pra trás pequenos errinhos de integridade (fisica e moral) que gostaria de dizer que foram amorais.
  Deixo pra trás pequenos desfalques de minha memória que me provou que datas nem são assim tão importantes. Faço questão de perder alguns rastros que deixei por aí, por caminhos tão gastos. Faço questão de guardar um quase amor junto com aranhas, pois este necessita de teias e pó, em lugar seco e bem arejado: condições mínimas de armazenamento para consumo em pequenas e esporádicas doses.
Piso por cima de meus antigos e burlados conceitos de moralidade em meu palco particular, que foi quase uma religião. Nessa apostasia, aposto minha felicidade num final saudoso e apoteótico, digno do ultra-romantismo: a morte; a morte dos meus conceitos, dos meus pós conceitos antigos.
  Deixo registrada a morte e promulgo o atestado de óbito da abdicação pela responsabilidade de meus atos.
  Coloco meu diário de bordo acima da cabeça e volto os holofotes a ele. Revelo que tenho segredos, mas não quem. Grandes omissões esboçadas e turvas.
  Agora ainda mais detestável, faço um esforço descomunal para rachar minha máscara.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nostalgia de mim

Eu achei que fosse estar lá.
Mas talvez se eu soubesse que não estaria eu iria do mesmo jeito.Mesmo sabendo que me arrependeria depois,eu teria ido.
Agora eu sei.
Porque eu fui.
Agora sei que não cheguei.Minha certeza de chegar se converteu na certeza do caminho.É nisso que me apoio.É esse o meu apoio.
Saudades daquilo.
De idealizar com certeza cega.
De desejar com veemência piegas.
De querer eternamente até não querer mais.
Saudades daquilo.
De provar o meu estranho.
De fugir do meu rebanho.
De me perder enquanto procurava.
Saudades daquilo.
De provocar o meu demente.
De tatear onde mais quente.
De instigar o mais com meu suficiente.
Saudades daquilo.
De gritar à perder decibéis.
De chorar à tonéis.
De ficar sentindo até peder o sentido.
Saudades daquilo.
De dizer aos quatro ventos.
De sentir a letargia de meus movimentos.
De deixar que tomassem conta os meus violentos.
Saudades daquilo.
De doar a minha necessidade.
De amar apenas por vaidade.
De devorar com sedenta voracidade.
Saudades daquilo.
De jurar mentiras tão acreditáveis.
De fazer discursos improváveis.
De não me importar com os irreparáveis.
Saudades daquilo.
De cometar todas as besteiras.
De dizer todas as asneiras.
De abrir todas as torneiras e me deixar escorrer.
Saudades daquilo.
De debochar de minha desgraça.
De não cumprir ameaça.
De me fazer com um nariz palhaça.
Saudades daquilo.
De dizer que amava.
De sentir que amava.
De fazer que vadiava.
Saudades daquilo.
De achar que sabia.
De superestimar minha ideologia.
De achar que tinha alguma valia.
Saudades daquilo.
Da minha antiga ignorância.
De sentir diariamente minha infância.
De prezar minha inconstância.
Saudades daquilo.
De perder a minha rima.Encontrar a palavra perfeita e gastá-la sem estrutura alguma.
É aquilo.
Outra vez.

Peneirando

Aqueles segundos a mais no relógio são terríveis;não perdoam,fazem questão de não deixar passar desapercebidas palavras que não deveriam ter sido ouvidas;que não deveriam ter sido ditas.

Quando o impulso foi um pouco mais rápido e por sorte a voz um popuco mais teimosa...

"O quê?Eu não ouvi."


Por sorte.
Os ouvidos só ouvem aquilo que convêm.


Por sorte.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Letargia


Um turbilhão.
Sim,me parece uma boa definição.
Um turbilhão
é o estado que minha cabeça insiste em não sair.
Em ficar.
Em me deixar.
Não me deixa pensar
em sair.


Parece que o quero fazer já não é mais da minha conta
me parece
não mais
nunca foi


As lágrimas relutantes
que me rasgam quando caem
me transbordam limitações
meus limites
o que fazer?
choro ilimitadamente
corro parada
não sonho nem acordada
mas eu falo
CALADA
te causei?
Ótimo!
Reze 3/3 inteiros para suportar
os 2/3 que ainda não chegaram às minhas ações


Estou lenta e irada
a fera ferida com ferro
o mesmo ferro sendo usado pela fera
Eu fera
Você sendo
Ferida
aberta e cutucada

sábado, 14 de março de 2009

Classificando


Ainda te sinto em mim.
RESQUÍCIO

Lembro de você transbordar.
De mim.

Isso de ser proibido
nos instiga,motiva
a uma instintiva
sede de mais.
INSACIÁVEL

Essa tua cor que é meu
MEDO
e minha
VONTADE
este teus olhos
VERMELHOS
injetados de mim
cansados
FECHAM-SE
e
continuam a
OLHAR-me

Esta minha cor
que é a tua
NECESSIDADE
te molha,impregna e coagula
e nossa gula,a gula dele
a sua gula
me engole e quer mais
sou engolida pela gula
a tua gula de mais

No teu mal te trago bem
te ofereço
te mereço assim
e depois de trago outro
MAL
aquele mal à 3
nós e alguém
SEM GÊNERO
assim e mesmo assim
COM MAIS
e
COM MENOS
sem gênero
nós 3
formávamos um triangulo
escaleno
DESEQUILIBRADO

Consciência


É uma vontade mútua de fazer parte.
É uma situação mútua de quase impossibilidade.
É uma necessidade mútua de algo quente de verdade.
É a consciência de que não é real ,mas há uma probabilidade.

Não dormir te faz pensar demais.
Da consciência eu fico com beijo e o tapa temporariamente mentiroso.

esse frio
IMPESSOAL
transparece uma
NECESSIDADE
de querer que seja
REAL

Brincamos de ser e depois que viramos adultos ainda queremos continuar.

Você se desencanta com uma veleidade de menino brincante e logo depois sustenta fantasia passada.

Por que não me diz o quer dizer?
Já pensou que pode ser tudo que preciso pra fazer?
A pressa é minha,e meu instinto de inconveniência começa a falar mais alto.

a sensação de perda
PERDIDA misturada com
bugiganga alheia
apenas esperando que a
ENCONTREM
para poder ficar perdida em
ACHADOS

é esse inefável
FOGO CRESCENTE
que cresce indecente no peito´
e DESCE para o resto do corpo
e SOBE
FAZ A CABEÇA

é um querer fazer
mais que fazer
PARTE
de você
a sensação de me deixar
asSIM
diga

dormindo não mais
PENSO acordada também

acendo uma vela
ACORDO
e
PERCO
falhada mas acesa
APAGO

quinta-feira, 12 de março de 2009

Dados libidinosos


  Dado os termos, que os jogos comecem.
  Dados na mesa, dado os olhos nos olhos, aos olhos por olhos forte como alho. Condimentados.
  Palavras embaralhadas à mesa, à deriva. Derivada desta eram delírios, intensa atividade. Arrebatamentos tendentes a piorar.
  Palavras decotadas à boca. Cantadas à boca, mastigadas num inicial suspiro derradeiro.
Morrendo a oeste, deixando que se apossem e reflitam sua virilidade. Dá lugar a esquerda escura. A hora da ambidestria talvez não fosse agora. Eclipse.
A odalisca com uma demente malemolência, dançava em frenesi uma lambada sensual, deflorando sua geografia com decoro e irrompendo numa derrisão voluptuosa.
Ora, baralho na mesa, dama na mesa!
Aposta feita! Apostavam os jogadores na deflagração súbita e impetuosa de grandes iras e paixões. Apostavam com olhares poluídos. Afinal, quem tinha coragem de dizer? Quem seria capaz de ouvir?
Dados desumanos e tão traiçoeiros. Safados. Pervertidos. Danados. Dados. Demais. Tão inocentes quanto sábios filósofos utópicos. Tão longe dali deliberações banais , finais apoteoticos(caóticos)e escancarados. Exagero. Longe dali. Exílio.
Destroçado, desmoronado. Mais nada no lugar. Escrito em muros, violentado numa orgia verbal, jaz amor.
Vou derramar café em seus planos, em seus panos, em seus dados. Pago na saída, mas não, não vou sair. Não pago. Eu dou (novos dados). Dados muitos, beijos muitos. Não misture jogos e sacanagem. Libidinosos demais para meu pobre autocontrole.
Eu quero orgias, verbos e segredos.
Eu quero medos, gritos e flores.
O problema do vidro é que tem dois lados transparentes.
O bom do espelho é que um dos lados é quase você.
Um só gole, um só copo. Cólera.

O licor doce, o absinto amargo, destes eu sou a vírgula. Da vírgula o vão.
Em vão passo, em passada vistosa e larga.
Minha parte libidinosa é Mulher.
Me bebo quente.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Uma coisa maravilhosa chamada veneno.


Caminho por uma vereda venosa.
Me falta oxigênio, sensação vertiginosa.

Não sei como meu verbalismo em demasia te atrai.

Vate, não te vás, eu veto. Continue a relembrar memórias que estou fazendo virar futuro. Tudo tão igual, mas que ainda assim fazemos com uma verve sem igual.

Quando entra no meu organismo perturba minhas noções vitais, tudo que tenho de mais fundamental, minhas bases mais básicas. Me corrompe, me embriaga, me inebria, me nina meu menino. Uma coisa maravilhosa chamada veneno.
  Me deixe dormir. Talvez eu não acorde. Não vejo isso como algo ruim. Pura vaidade.

  A veneta alheia é algoz e eu ainda procura meu ceticismo. Eles são tão vesanos que me assustam. Se destroem com uma voracidade veloz. Conto com você meu menino versado para me explicar como essas coisas funcionam. Você tem uma didática ótima.
  Venero teus olhos que me revelam uma centralidade excêntrica.
  Neles me centro.
  Neles me concentro.
  Não pisque. Mas mesmo de olhos fechados sinto você estudando e se afundando em meus abismos. Só mais um passo.
  Essa óticaótica acontece numa veleidade tão fugaz que quando se passa muito tempo me pergunto se ela realmente existiu. Sonora, poética e literalmente você faz questão de não me deixar esquecer.
  A desvirginação vistosa da visceral visão é verberativa por si só. O ventre de olhos vítreos, injetados e vis, dentre névoas de um vale carnal deturpa-se com vividez luxuriante.
  Nos volatilizamos com a volição e confiança de quem se atira à abismos com a certeza de que vai cair.
  Estagnamos com a voracidade de quem voa.
  Engasgamos com o prazer de um afogado.
  Isso? Uma coisa maravilhosa chamada veneno

terça-feira, 3 de março de 2009

Indução.Condução.Irradiação.


Enquanto ando, aliso e cativo mechas de pensamentos. Espremo, reviso, analiso e avalio até pegar outra mecha, enquanto ando no lugar seguro e politicamente correto.
Prefiro o movimento.
Há um meio buraco brilhante no céu, no meio da fumaça cintilante.

Minha tão necessária alegria convertida no meu meio sorriso cativante e gentil.

Um lembrete: lembre-te, é só isso que te peço. Lembre-te e de mais nada te lembro.

Você é minha panaceia e meu vício. Contraditório? Não, real.

Eu brinco de te induzir e você se deixa conduzir por mim. Te induzo/conduzo à minha sedução barata, sutil, discreta e sem charme. É disso que você reclama mas é exatamente o que você procura.
Nosso calor se propaga por irradiação. Existe um vácuo entre nós que quase não fazemos esforço para ultrapassar. Não há pontes, não há caminhos floridos, não há escadas nem nada, apenas vácuo, apenas irradiação.
Meu arrepio te excita, os meus sons te estimulam, mas não diga que te basto.

(Uma frustração: saber por sentir que nunca é o suficiente e não chega nem perto de ser o bastante.)
Queremos. É mais que querer. Desejar. É sempre mais e temos sempre menos. É isso que temos, é isso que queremos, é isso que tentamos querer. O intermédio disso oscila entre vibrações de necessidade necessária e inércia de pensamento; a letargia só ocorre quando... na verdade ela não ocorre. O que pára é a mente, que mente e se recusa a pensar pra não ter consciência da abstinência.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Caleidoscópio


As esquinas andam sinuosas demais. Os becos estreitos demais. As noites se resguardam numa prudência insana de quem está prestes a dar o bote e botar pra fora e colocar pra dentro.
O silêncio anda me contando segredos em alfinetadas cortantes.
O aquário de pedras coloridas ao lado da fumaça envolvente transparece segredos imigrantes. De você pra mim. Migrantes. De mim pra você, num mutualismo surpreendente. Estou prestes a violentar minha calma. Tudo parece tão doce como sempre foi, mas aqui dentro o cheiro gustativo me mostra um caleidoscópio de coisas brilhantes meio enluaradas. Difícil de se fazer entender.
Os poucos livros enfileirados não gritam mais. Sussurram algo tão baixo que por um momento quase me desesperei achando que não podia ouvir, mas agora eu ouço.São como filigranas rabiscadas no meio das agulhas finas do silêncio. É quase visível.
A meia flor de duas pétalas negras e restante transparente está brotando da cera translúcida da vela verde que acendi dias atrás quando tive medo de dormir, acordar e perder. O vidro está rachado pela chama da vela que velou meu sono e quando apagou não falhou na missão: acordei e não perdi.
Há uma menininha de longas pernas e vestido preto que segura pequenas mensagens borradas por pingos de tinta. Verde é a cor da vez. Ela sorri de modo tão doce quanto eu. Suas longas pernas se parecem com as minhas. Se não fosse pelo vestido...
O Cálice. O pequeno cálice é o único que não fala. Para embebedar já basta o restante. Se ele falasse passaria de alegre a bêbada. Ele apenas guarda conchas e arames, chamas não. Quem chama é ele, a vela não. A chama da vela guarda o que às vezes temo que vá embora. O que o cálice chama atende ao pedido, ele guarda e aguarda.
Por um segundo quase achei que não voltaria. E dessa vez nem precisei acender a vela.

Cacos


Como que em incontáveis pedaços de espelho quebrado, me vejo contada em diversas versões de mentiras.
Há duas e apenas duas coisas em que não se deve acreditar: palhaços e espelhos. Palhaços sempre falam a verdade e espelhos mostram a sua versão da verdade, e a impessoalidade conveniente é algo que prezo muito.
O som de algo novo sempre me assuta e quase tento escondê-lo, olhos curiosos e sutis não são lenda; isso dá quase um teor ilícito aos meus atos. Ainda bem que não são lenda.
Há flores por todos os lados, e quando se dá conta que estão lá, felicitam-se a tal ponto com sua percepção que se fazem onipresentes. Estão por todos os lados.
Sinto a necessidade alheia da narração e são sempre pra mim. Confidenciam-se, abrem-se, desabrocham-se (eu disse, por todos os lados); não só a necessidade da narração pois ela sempre vem acompanhada ora do eufemismo ora do épico. Por onde anda se escondendo o realismo imparcial? A fidelidade aos fatos anda um tanto utópico.
Pedras enterradas guardam segredos, e ouço o burburinho que fazem quando pés despejam estórias sobre elas. São silenciosas, discretas e concretas, ao contrário do que sabem.

rosa e desejo


Estou num quase desespero de uma quase certeza de perceber que a única coisa que me contentava está indo embora.
Estou eu menos antes. Estou eu mais. Mais o quê? Mais mulher? Vou me poupar de meus pessoais desta vez. Talvez mais erudita de tanto ler rostos e peles.
Cristais de céu me penetram o corpo e confundo prazer com dor.
Me confundo comigo mesma e com restos de pessoas que insistem em não ir embora. Não estou fazendo uma limpeza, estou me fazendo. Refazendo. Estou mais marcante e quase sutil.
O que sou depois de você? Onde estou antes de mim?
Eu me propus a fazer e quase fiz, me propus a estar e quase fui, me propus a ser e estou. Estou o quê?Desejada.
Me movo a desejos, os mais primitivos e complexos possíveis.
A pior tragédia humana foi associar o nascimento humano do ser ao erro. Erro segundo crenças bem quistas por alguns ate hoje (por razão quase não lembrada), eles lucram com isso, com a ideia do profano e você, financia. O seu desejo é o meu desejo com minha tonalidade e característica. Não o simples desejo de carne, mas sim DA carne, para carne, com carne e o que se encontra nela; não ela em si, mas sim em mim. Desejos são educáveis mas não portáteis, você pode se negar dependendo da maneira como os trata. O conhecimento e discernimento (o temor de muitos) não é uma dádiva divina e sim uma característica humana bem trabalhada. Aprimore-se.
"O medo", prazer. Medo de que? De querer? De querer desejar ou da fútil não aceitação? Nesse caso, consciência é a parte mais superficial do nada.Não se negue nem submeta-se, a rosa é signo do desejo. A temeridade da ignorância é a aversão da razão.

3


Ele.
Ela.

Separados por ponto final.

Ele,Ela.

Pausados pra respirar.

Ele e Ela.
Unidos por um.são

Parasitismo



O céu estava denso, tão denso que parecia impermeável, incapaz de atirar uma gota contra o chão.
E a menina sentada na janela bebericava seu chá enquanto observava pensamentos passeantes.
Entre grades amarelas ela ouvia a novidade de prisões cheias. Novidade.
Esforçava-se pra botar pensamentos pra fora.
Esforçava-se pra botar o chá pra dentro.
Devia estar vazio.
Devia estar cheio.
Nada a satisfazia, nem o cheio nem o vazio. Nem o cheiro de chuva contida, chuva egoísta.
Inverteu.
Bebeu pensamentos. Não se podia tirar da onde não tinha.
Colocaria.
Se não podia colocar onde já tinha demais, pararia.
Funcionou.
E aquele céu a possuiu. Fusão.
Estava impermeável. Cheia de pensamentos quentes.
Porém, na rua, gotas ausentes.
Não choveria naquela noite.

A Rosa. Rosa.


E tu? Também se engana pelo meu sorriso de flor aparente?
O sorriso da rosa está sendo descoberto. Te agrada? Te sustenta. Te ostenta. Te contenta com isso?
Eles precisam saber. Ver o que você vê, sentir o que você sente, e juntos tentar compreender o que você também não compreende.
As pessoas se aborrecem. Não se aborreça você também com o aborrecimento alheio.
É tudo tão vago. Superficial demais. Simples demais.
Não perca seu tempo, nem com eles. Não valem a pena, nem a galinha.
Deixe cair e cairá como uma luva. Você vai entender mesmo que não aceite. Ninguém nunca disse que não seria assim. Está sendo fácil? Nem pra mim.
O olho da escada gira em furacão.
Estamos no meio.
É assustador? Parece? Não é nem metade. Assuste-se. Me.
Aquele mar de estrela sem céu. Flutua. Propaga-se no ativo. Aquele céu de mar. Eleva-se. Mistura-se.
Comungamos estrelas de hóstia, estrelas hostis.
Ah! Não me iluda! Não diga que posso mudar quando eu mesma quero e mereço o castigo. Me sinto temporariamente bem com meu comodismo. Ele me acalenta e acalma. Você é turbilhão. Iremos pelo começo. Acalma-te que nada é pra já. O que você chama de comodismo eu chamo de paciência, chamo de tempo. Tenho uma contagem própria, ininteligível. Meu tempo embora corrido é largo, vazante. Evasivo, de ti.
Eu vou soltar e você não precisa me segurar. Você sabe que eu te chamo. Alguma vez não o fiz? Não precisamos agradar a todos. A rosa está aí pra isso. Guardar segredos. Está segredada a nós. Pra isso. Não mais que isso.
Tens pressa? De mim. Eu sinto, eu vejo. Demonstra-me.
Tenho pressa? De mim. Eu quero, eu vou. Espero-me.
Não. Não diga o que é dito sem palavras. Poupe a nossa retórica. Saliva. Nossas cantigas são de amigo. Comigo. Contigo. Conosco. Umbigo.
O que? Desistir? Correr? Corra. Desista. De mim. Corra. Pra mim. Uma carta. Frente-verso. Lida.
Mais? Dou. Grita!
Agora? Já!
Quando? Aqui!
Vermelho? Sim! A Rosa era. Rosa. Não te lembra? A mim sim. A Rosa. Rosa. Segredada. Sagrada. Sacramentada.

A Ana


A Ana é uma pincelada.
Ela colori a lua sem graça e sem criatividade. Ela aquarela e borra. Faz transbordar a falta que faz.
O sangue escorre de mim, ele está maduro pra ser escrito e escorrido. Ele mancha, brota, canta.
Ah sim! Ele canta. Ouço bater na água a melodia vermelha de cheiro forte e som suave.

gota
a
gota

Escorre de minha essência. Do íntimo, do meu âmago. Estou seca.
A Ana escorre secando o caminho que molha a lua. A lua irriga-se. Alegra-se. Vinga-se de tanto tempo sem Ana. Maltrata-a deixando aquela melodia sem foz, sem uma voz. Aquela melodia escoa oca. Escoa: ecoa. Escoa louca. Escoa rouca. Escoa soco. Ecoa pouco.

E eu que ainda não


E eu que ainda não havia aprendido a ficar calada,falava o que não devia na hora certa.
E eu que ainda não sabia falar,me calava quando as palavras existentes já não eram mais ditas.
E eu que ainda não sabia ouvir,desligava minha percepção quando o tato entrava em jogo.
E eu que ainda não sabia beijar,parava a sincronia descontinua da minha boca pra poder continuar com os olhos.
E eu que ainda não sabia ver,abria os olhos para que aquelas imagens decodificadas fossem descobertas pelo meu corpo.
E eu que ainda não sabia amar,colocava tudo em risco mesmo quando havia uma necessidade desnecessária.
Eu,infringindo todas as leis imaginariamente existentes me fazia viva,mesmo sem saber.
E eu que não sabia o que era vida,me fiz morrer para acordadr no real.
E eu que não sabia o que era morte,a desafiei vivendo um dia a mais do que deveria ter vivido uma pessoa de sorte lamentavel.
E eu querendo saber o que era juventude,me quebrei em incontaveis pedaços imutaveis e me roubei um deles que agora carrego sempre comigo.
E eu que queria ser inventada, gritei em braile para que o mais sencivel dentre aqueles que não podem ver me sentisse nos dedos e me fizesse como qualquer outra pessoa fosse incapaz de o fazer:com perfeições tão tortas,as piores.
E eu que tentava descobrir o descobrimento e o auto também,me fiz rouca ao perguntar,me fiz louca ao enteder,me fiz paranóica ao imaginar,me fiz atenta ao ouvir,me fiz inteligente ao tentar,me fiz teimosa ao discordar.
Me fiz pensante ao te ver.
Me fiz amante em você.
Me fiz descoberta em tecido.

Perdição simplória



Ela não percebia de nada e recebia alguns olhares por isso. Se fazia simplória quando convinha.
A falsa falsificava olhares e ficava falsamente satisfeita.
Mente tanto, tanto quanto. Quando pode, morde agora na hora em breve ,o acaso casava vagabundagem com fogo.
Possivelmente o limite, no limiar da vulgaridade no limitar da boca ardente ela queria e desejava em cego.
A fada da perdição estava perdida em passos sem direção direcionada ou estipulada.
Em costela, encostada nela fazia pulsar o vento, vento pulsante e costela flutuante. Eu bem que via o bem-te-vi sonhando com peito amarelo. Ela brincava de canção de condão para insuportar o suportável; se divertia com vidro molhado.
A vampira sugava a beleza, a beleza da incerteza que de todas é a mais concreta e contrariada.
A fraca franqueza era secamente molhada ao descaso pois ao acaso já bastava o sarcasmo, já bastava a morte.
O roxo com azul até que combinava com o negro da sua alma. Alma nova. Lua nova. Alma cheia em crescente. Ah... aquela inconsequente desconsolada falava de repolhos e reis roxos. Repolhos roxos, não reis. Reis eram azuis; tinham alma negra, alma nova, os repolhos, não os reis. Os reis não têm alma.
Os brancos sentados no trem tentavam malandragens danadas. Davam a quem não tinha demais pra dar... tão brincantes e os augustos tão sérios...alguém me disse que deveria ser versa-vice...mas está, seria vice-versa? E se o versa virasse o vice fosse primeiro, ainda estaria ao contrário? Alguém me disse que não...
Ah, a fada da perdição...

Ele e Ela


Ele pensa achar que sabe, mas não é apenas um simples saber.É um pensar que acha que sabe de tudo sobre todos,mas na verdade ele ainda está se achando no descobrir do auto-conhecimento .
Ela pensa não saber de nada, mas é um nada referente a tudo. Ela aparenta saber de muitas coisas e até se passa por interessante.
Ele sempre tão genérico.
Ela sempre tão efusiva.
Ele é sempre muito vago, tem uma opinião superficial, tão transparente e leve que nem chega a ser palpável.
Ela é expansiva, com opiniões que chama de crenças bem fervorosas.
Ele imutável.
Ela instável.
Ele é sempre o mesmo. O mesmo humor seco e inalterável. Aquele ar de pouco caso e de quem não se importa, e quem sabe se não é mesmo assim?Não está sujeito a mudanças, ele não se sujeita a mudanças.
Ela tem sempre os mesmos sentimentos e que não são poucos; fica oscilando entre eles numa velocidade inconstante. Ela faz que se importa, gosta de se importar, talvez seja de verdade.
Ele certeza.
Ela distraída.
Ele sabe de coisas sobre ela que ela não contou. Finge ter uma falsa onisciência que a surpreende.
Ela é distraída até onde sua memória limitada a permite, depois disso, ela esquece. Ele sarcástico.
Ela não perspicaz.
Ele irônico, do mesmo modo do seu humor e todo resto: seco e evidenciado. Ironias nada sutis e bem perceptíveis.
Ela se usa de ironias sutis, porém bem vista aos olhos dele, mas o contrário não acontece com ele, pois apesar de seu sarcasmo pronunciado, não é o suficiente para que ela entenda.
Ele calmaria.
Ela ventania.
Ele gosta de tempo seco e úmido, sem vento para perturbá-lo. Preenche o silêncio com uma sonoplastia estranha que ela diz que acha legal; talvez ele sinta-se desconfortável com o silêncio.
Ela gosta de tempo úmido e quanto mais vento melhor, gosta de sentir o toque do vento na sua pele e ficar arrepiada como reação. Ouve o preenchimento do silêncio dele e em resposta muitas vezes não diz nada...Ela solta sons involuntários provocados pelo cansaço que ele diz gostar...Ela se sente confortável com o silêncio, mas este a assusta.
Ele, passivo.
Ela, ativa.
Ele no sofá com posições não muito confortáveis, sempre com outra distração ligada, mas ainda assim, sempre presente. Sempre com fome, devido a ligações em horas um tanto impróprias, dela, é claro. Ele também sempre com a porta fechada ( não gosta de vento), mas mesmo assim, seres que não foram convidados aparecem para sua mini festa noturna particular...gostam de luz. A sua voz já é baixa naturalmente, mas nada o impede de gritar, apenas sua natureza.
Ela sempre com a luz apagada e as estrelas brilhando no teto. Ela também sente fome, mas por um motivo diferente: esse é um estado natural dela. Ela sempre com a janela aberta e nenhum visitante, não que ela esperasse algum, apenas para poder sentir o vento. Sua voz está baixa, mas não pela sua natureza, mas sim pela natureza de quem está ao seu redor, afinal, seu tom é alto. Gostaria de gritar.
Ele cético.
Ela crente.
Ele não tem muitas filosofias a não ser as suas e mesmo assim, não as segue à risca. Está sujeito a tudo, mas não se sujeita a tudo. Gosta de tirar conclusões momentâneas e duradouras... não acredita em qualquer coisa, mas conclui quase todas. Ela acredita em tudo com muita volubilidade, mas é tão inflexível...Ela sempre acredita em tudo o que ele diz e não sabe muito bem o porquê. Sua falta de descrença faz falta às vezes.
Ele indistinguível.
Ela esboço.
Ele deseja algo e as vezes diz o que quer,mas ninguém sabe com certeza o que ele deseja no intimo,talvez nem ele mesmo.Ele diz querer ter muitas coisas materiais,mas ele não sabe como é tê-las nem se isso é bom,apenas quer. Ele não tem um gênio muito fácil de lidar, mas também não o faz parecer mais difícil do que realmente é.
Ela não é muito certa de seu futuro, mas dentre as poucas certezas que tem é que quer viver das letras. Ela sempre tenta deixar bem explícito o que sente; coitada, tenta ser transparente, para ver se assim alguém descobre mais dela mesma, pois ela não consegue o fazer sozinha.
Ele desleixado.
Ela desatenta.
Pra ele tanto faz como tanto fez, do jeito que está, está ótimo! E se caso não estiver, bem...ele deixa mesmo assim. Um tanto negligente em relação à tudo, inclusive com a própria vida.
Ela é totalmente absorta em pensamentos perdidos. Sua concentração é muito frágil e desatenta. Se deixa passar sem que perceba, sempre esquece o que diz, mas quase nunca o que ouve.
Ele pensa.
Ela escreve.
Ele pensa. Nem muito nem pouco, mas o suficiente para dizer que pensa. Não reformula nem reforma pensamentos, os deixa cru. Os cria de uma vez só e depois os vomita pra fora e os deixa intocados e inacabados, mas sempre prontos segundo o seu critério ilógico.
Ela escreve, e com o escrever se faz pensar. Escreve, reescreve, cria, inventa, copia, reformula, edita, repensa, escreve e nunca está bom o bastante, apenas o suficiente, (não necessariamente nessa ordem). E no final, (ou no que ela acha que seja um), ela mostra pra ele e ele o publica, mesmo sabendo (e não concordando) que está inacabado.
Ele alienado.
Ela interada.
Ele tem um grande desinteresse por questões políticas e sociais, muito mais pelas políticas. Uma das poucas coisas que o tira desse estado de alienação é Ela, mas ela também é um dos meios de alienação. Fora isso, ele se mantém no umbigo.
Ela interage com coisas e pessoas e muitas vezes nem sempre é mútuo. Ela se interessa muito fácil, por tudo que brilha ou não, principalmente pelo que não brilha. Ela também provoca interesse, quase sempre dele.
Ele inenarrável.
Ela interessante.
Ele em muitos aspectos é bem singular. Um tanto excêntrico, se desvia do centro, foge dele. Não chega a ser esquisito, nem extravagante, talvez excêntrico seja a palavra, mas ele é tão desprovido de signos para explicá-lo que talvez excêntrico seja a palavra certa. Ele tem uma pretensão que a faz rir, não se sabe se é natural ou fruto do seu sarcasmo, mas o seu sarcasmo já não é natural? Talvez um bom adjetivo seja inefável, embora não faça jus ao que ele é. Ele tem um lado não muito explorado e pouco compreendido que ele está sendo desperto agora, parece gostar.
Ela possui uma avidez instigante, poderia ser chamado de curiosidade se fosse menos acentuada. É uma ânsia, uma vontade de um não-sei-o-que, com uma voracidade arrebatadora. Ela provoca certo enlevo em algumas pessoas, certa sedução, um êxtase malemolente, capaz de enlear com a mais pura facilidade. Ela é incessante, inconstante. Não pára nunca. Se faz incoerente, contraditória, desconexa e é muito enfática em tudo isso, é o que a torna reticente...
Ele egoísta.
Ela egocêntrica.
Ele tem um grande apego a si mesmo, aos seus interesses, a sua vida e em alguns acessos de boa vontade, o altruísmo faz parte do seu dicionário.
Ela tem os seus interesses como meio de vida. Com certa freqüência tem atitudes em benefício do próximo. O seu egoísmo é tanto, que ela se priva dela mesma.
Eles são tão diferentes que nem o seu egoísmo é igual, porém é a única coisa que têm em comum, é isso o que os une, pois eles se complementam e se compreendem mutuamente. O egoísmo dele e a egocentricidade dela, tem o mesmo significado, é o que os torna iguais desde os 8 anos de idade.

Com.centra.ção


Não posso me desconcentrar. Não agora. Mas não consigo...não quero.
O meu caderno faz falta.
Não sei o que fazer no sábado.
Estou num quase desespero e numa quase infelicidade.
Consumi-me demais essa madrugada.



......."A taxa de crescimento é de -300% nessa PG"........



Engraçado! Ela parece estar falando de minha situação atual...

Odeio me deixar dependente de um livro. Meus sábados fazem tanta falta...
 
Eu quero tanto chorar, mas causaria estranhamentos na sala de aula por ficar descontrolada sem motivo aparente. Quero chorar pois está tudo tão acumulado e faz tanto tempo que não choro por necessidade. Estou seca pelos motivos que me deixam cheia de lágrimas. Lágrimas que se recusam a cair por orgulho e fraqueza em demasia. Eu queria ser forte para perceber que é uma coisa passageira, mas sou fraca e tenho quase certeza que minha situação atual é permanente dada as circunstâncias.
 Ah! Como estou infeliz por esperar algo que sei que não vai acontecer. Como odeio me entregar a fantasia ao mesmo tempo fascinada e dolorida pela constante consciência de que ela é irreal. Onírica. Não sei mais o que escrever e no entanto sinto uma necessidade absurda de o fazer. Ah! Como eu preciso. Não quero que ninguém venha me perturbar nessa mini depressão momentânea particular, embora eu tente torná-la publica para ver se se ameniza.
A minha droga proibida é a minha imaginação induzida. Ela me extasia sob seu efeito e quando passa faz com que meu coração palpite (literalmente)e com que minha mente se desespere em busca de mais.

Peço ajuda?

O tenho ao meu alcance. Não necessariamente uma ajuda, apenas um desabafo descontrolado que ele tentaria entender sem sucesso e que não sei qual seria a minha reação após isso: melhor ou pior, mas a dele me parecia previsível. Desisto da ideia, entro em pânico de dividir essa coisa tão absurda e infantil com outra pessoa. Ele veio...disse a ele que sua reação fora como eu esperava, mas eu sabia que não tinha sido. Eu não o chamei, mas acho que gritei tão alto que ele veio. Não sei se isso foi bom. Minhas orelhas ardiam mais (começaram quando ele chegou) mas o meu coração doía mais que antes.

Eu não quero parar.
Eu não paro nunca.
Eu sabia disso?

Eu disse num sussurro que o amava.
Ele disse que sabia.

Como eu queria que você soubesse


Eu só queria que você soubesse...
Que mais nada importa. Nunca importou. É só você tirar os óculos da ignorância que te impedem de ver a essência da vida.
Como eu queria que você soubesse...
Que o beijo não é nada, apenas mais uma demonstração de carinho assim como o sexo.
Eu só queria que você soubesse...
Que somos todos iguais, não somos especiais e embora essa frase pareça triste, não é. Ela é mágica e quando você descobrir isso, você saberá.
Como eu queria que você soubesse...
Que você é Deus, eu sou Deus, somos todos Deuses! Olhe pra dentro com os olhos do coração, faça um esforço e não será difícil achá-lo.
Eu só queria que você soubesse...
Que tudo isso não passa de um sonho, que nada é real, embora pareça tão concreto. Nada é real. É apenas um sonho insano. Basta apenas que você acorde.
Como eu queria que você soubesse...
Que viver, ouça bem: VIVER, não existir. Que viver é maravilhoso, mas não é nem uma fração da felicidade da realidade, e quando você acordar, verá que ela é abstrata. Mas enquanto você não acorda e não conhece, como eu queria que você soubesse...

Resignada

Pára.Pára e repara
no inexistenete mundo do caos.
Olhe com coragem,não é miragem:
os homens não são maus.


Tudo não passa de um sonho insano,
apeas acorde e veja:
o mundo não é mundano
ele é como voce quer que seja


É isso!Óculos da ignorância!
Tire-os e atire-os para longe!
E perceba e irrelevancia
do agora,do hoje.


Devaneie agora,hoje.O amanhã
E perceba que não passa de realidade
o que achou que não era de manhã
é apenas uma complexa simplicidade


E quando estiver cansado
da ignorâcia do mundo e do devaneio real,
não faça,nada,NADE!
Para as profundezas do surreal...