quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Refazenda

  Quando meus pés tocarem o chão,
  quero sentir o olho me fazer cócegas
  que as morsas me pareçam leves
  que a neve me aqueça as costas
  e que as apostas sejam esquecidas
  numa poça dessas bem esmaecidas

  Quando a mitologia revelar seu nome
  quero a História de tinta nova
  e o que me motiva sejam Odes do tempo da poesia pragmática e do amor dogmático.
  Que pragas do amor mut(u)alizado não recaiam sobre os mesmos ímpios,
  para que os arrrepios sejam em outras estações.

  Quando a chave se perder em minha mão,
  quero flores chovendo o chão
  quero flautas chorando o fel
  a guerra romper-se em mel
  quero a cor da hematita pintada no céu.

  Quando o viscoso escoar,
  na casa mais antiga da história mais bonita,
  a colina rasa se estenderá por sobre meus pés
  e lírios tigre se mesclarão aos meus cabelos em mechas madeixas
  por onde se esgueiram os segredos da terra,
  por onde se encerra a cada serra passsante
  em cada sonho errante de realidade cadente.

  Quando as palavras semearem a mente,
      Que se faça a chuva
      Que se faça sol.
  Que se molhe a Lua presa ao firmamento por anzol
  para pescar admiradores:
  boemios e trovadores,
  seresteiros e amantes,
  que antes já foram desamores.

  Quando o mar secar a minha boca,
  que minhas constelações feitas de sal
  se banhem no mais puro anil.
  Por onde passam prazeres
  que se faça a sorte em sua essência mais vil.
  Que os ventos me abençoem da primazia da rosa,
  que venta e se espalha por espelhos
  de finas laminas salinas
  onde rendas finas namoram a terra.

  Quando a estrela  se desmaterializar
  que a açucena se desfaça em feixes de luz
  que a amarílis floresça nos horizontes cálidos de Caiena
  em doces gotas de caiana
  que a ana de tantos sufixos e prefixos
  se fixe no céu e se derrame sem nexo, sem sexo e nem eixo
  eu deixo.

 

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