Eu tinha olhos absurdamente verdes e estava num deserto. Estava perdida. Sabia o que fazer pra não mais estar, afinal, era uma filha do deserto, mas gostava da sensação.
Estava sentada na areia e uma ventania avassaladora intuia me desintegrar, pelo menos era isso o que estava acontecendo com as dunas, fazendo com que as dissolvese e as edificasse em segundos. Mar revolto, mutável e instável.
O sol estava a pino, meu mentor a atormentador. De tão forte me impedia de olhar pra cima, ofuscando qualquer intenção minha de ver o céu, a não ser pelo horizonte, e isso também se tornava cada vez mais difícil pela chuva de areia que só não me penetrava os olhos pelos meus cílios abundamntes e longos. Fartos.
Minhas roupas eram leves dando a sensação de que sairia voando a cada rajada maciça e emparedante de vento.
Subitamente uma pressa me invade e sinto que tenho que ser rápida, mas não posso correr, o vento e as dunas me impediriam. Então levanto e movimento-me segundo os conselhos do vento: teria que me mexer como ele, no mesmo ritmo. Também sílfide.
As dunas são ondas quentes.Levanto e pego um punhado de areia/mar em minha mão e o jogo do alto: ele se dispersa em todas as direções. Sei exatamente aonde ir. Com leveza rápida, lépida e leve caminho sem passos numa distancia de talvez três metros, então abaixo, pego outro punhado de areia/mar e o jogo do alto. Ele outra vez se dispersa por todos os lados e mudo completamente de direção. Repito isso por várias vezes por uma tempo de talvez duas horas.
Encontro um oásis.
Paro e admiro-o. Suas águas são tão verdes quanto os olhos meus. Meus olhos diluem-se diante de tal visão. Talvez origem, talvez fim. Ando em direção à água e nela mergulho. Longo mergulho.
Quanse fico cega.
Quando volto à superfície, percebo que o vento está feroz e arrebatadoramente mais forte. Vejo agora que ele está varrendo as dunas e dispersando a água, o que sobra não é mais chão.
Olho para o meu corpo e vejo que ele também está.
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