domingo, 6 de setembro de 2009

Exílio


À minha direita caminha um velho e à minha esquerda há um cachorro. A rua é de uma claridade turva. Além destes, penso estar sendo seguida. Olho pra trás: desconfiança confirmada. Sem pretensão alguma um menino me observa. Continuo a caminhar no mesmo ritmo, sem medo nem autoconfiança.
  Estou cheirando a nada.
Percebo então, sem espanto algum que a rua está vazia. Não há pessoas, não há carros, apenas o barulho de (meus)passos (alheios), apenas o som típico do mundo que começa a funcionar aos poucos.
  Mais à minha frente reconheço o esboço de uma larga ponte de madeira bem grossa e muito antiga.
  Aos poucos percebo que depois da ponte há um jardim muito grande e bem no meio há uma árvore, nem frondosa nem indiferente e sem fruto algum. Os animais fora do Éden. Paro ao pé da ponte e sinto que aqueles três pares de olhos me dizem pra dar meia volta. Dou as costas para a ponte e ando com displicência meticulosa.
Olho para o chão, estou descalça e não sinto o asfalto. Recomeço a andar e epenso que a vida é engraçada.

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