sexta-feira, 27 de março de 2009

Nostalgia de mim

Eu achei que fosse estar lá.
Mas talvez se eu soubesse que não estaria eu iria do mesmo jeito.Mesmo sabendo que me arrependeria depois,eu teria ido.
Agora eu sei.
Porque eu fui.
Agora sei que não cheguei.Minha certeza de chegar se converteu na certeza do caminho.É nisso que me apoio.É esse o meu apoio.
Saudades daquilo.
De idealizar com certeza cega.
De desejar com veemência piegas.
De querer eternamente até não querer mais.
Saudades daquilo.
De provar o meu estranho.
De fugir do meu rebanho.
De me perder enquanto procurava.
Saudades daquilo.
De provocar o meu demente.
De tatear onde mais quente.
De instigar o mais com meu suficiente.
Saudades daquilo.
De gritar à perder decibéis.
De chorar à tonéis.
De ficar sentindo até peder o sentido.
Saudades daquilo.
De dizer aos quatro ventos.
De sentir a letargia de meus movimentos.
De deixar que tomassem conta os meus violentos.
Saudades daquilo.
De doar a minha necessidade.
De amar apenas por vaidade.
De devorar com sedenta voracidade.
Saudades daquilo.
De jurar mentiras tão acreditáveis.
De fazer discursos improváveis.
De não me importar com os irreparáveis.
Saudades daquilo.
De cometar todas as besteiras.
De dizer todas as asneiras.
De abrir todas as torneiras e me deixar escorrer.
Saudades daquilo.
De debochar de minha desgraça.
De não cumprir ameaça.
De me fazer com um nariz palhaça.
Saudades daquilo.
De dizer que amava.
De sentir que amava.
De fazer que vadiava.
Saudades daquilo.
De achar que sabia.
De superestimar minha ideologia.
De achar que tinha alguma valia.
Saudades daquilo.
Da minha antiga ignorância.
De sentir diariamente minha infância.
De prezar minha inconstância.
Saudades daquilo.
De perder a minha rima.Encontrar a palavra perfeita e gastá-la sem estrutura alguma.
É aquilo.
Outra vez.

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