sábado, 20 de março de 2010

Do que já aprimoramos.


     Das suas mãos mágicas que não são videntes.
     Me semeiam sorrisos bobos e uma cara tarada que não consigo esconder.
     Me intermeiam promessas loucas e tara lavada que não consigo remover.

das suas mãos mágicas que não são videntes
as beijo de olhos fechados,
as suas digitais palatáveis e o seu tato volátil.
Tátil.


     Dos seus olhos tão limpos e sem fumaça
    dos seus olhares esquivos e de pirraça
    dos seus gostos esquizo(e)frêmito de carcaça.

           dos esquisitos sem raça
           sem quisitos

           sem graça.
           Dois copos e uma taça.
           Dois corpos e uma traça.
           uma promessa
           e outra ameaça.

     Mas é que seus olhos...
     tatilmente diferentes. Estavam mais claros.
     Em outros tempos raros.
     Encontrá-los assim.

     Chocolate fundido
     amor confundido
     entre malte e cafeína
     canela e mescalina
     ou só fusão
     de dois termos sem reação.

     A gente percorrendo
     um amor destroço.
     Escorrendo a sal grosso
     sem decoro algum.

     No rosto um esboço
     já no corpo nenhum.

     Eu com janelas semi-serradas
     ainda deixava minha alma escorrer.
     Eu toda cálida
     minha mente já inválida

     ainda tentando dizer
     que


baby, você é como terra quente na boca de afogado.

     Sua boca me tateando
     suas mãos me comendo
     seus nãos me oferecendo
     mundo de tentações
     céu de alucinações.
     Minhas pernas já bambas
     num mambo em outro mundo
outro mambo.

     Então baby,
     olha pra mim e diz.
     Que eu sou sua menina
     pura e cretina

     objeto do seu altruísmo
     a distração do seu egoísmo
     sim, cretinismo.
     Sincretismo.

     Eu encosto no seu peito
     me encaixo e deito
     e sussurro o seu nome bem baixo.
     Me mostra o que pensa
     devora a minha crença
     e só me faz acredirar no que não acho.

     Agora eu tento
     sem usar os sentidos
     dizer que isso é exato
     te beijar sem contato
     só pra te provar que acima e abaixo e de todos os lados da superfície
     só pra te provocar em cima e embaixo e de modos calados da mesmice
     que meus sentidos e meus números não são movidos apenas por Éros.
    
o amor que devora, este sim me enamora
me acalenta e controla.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Clemência

    Te faço de desenho meu
    faço de ti um rascunho ao céu

sonho seu?

    Porque os pássaors hoje me parecem mais pesados.
    O firmamento.
    Um firme elemento.
    Um firme instável.

    Hoje minha vontade corrompe tudo
    e minha briga compra o mundo.

    Os raios de sol não me atingem
estou inalcansável
   
          irradiação

     no meu vácuo não se propaga
     no meu céu não se apaga
     no seu rascunho uma saga

    Não é história, é futuro.
    Não é glória, é escuro.
    Não é incerto, é seguro.

não pense que é destino
nem onisciência
apenas vontade
demência.   

sexta-feira, 5 de março de 2010

Cenas


   Aquele mesmo amarelo,
a essa altura você já deve saber qual é.
Aquele amarelo que enelva
e me leva
e me lava
amarelada.
Amarela e salgada.
Amarela e apaixonada.

O que me falta é você pra combinar do meu lado.
Eu que não tenho combinação
Já pensou que só você me cai bem?

   Me faço tranças,
mexo comigo pra mexer com você
e você mexe com nada
e mexe comigo inteira metade
tarde toda.
   
  Esporádico encontro
  amarelo constante
  contrastante
  contra quase tudo
  a favor de fervente.


  Sentados no palco
  daquele velho drama
  daquele velho teatro
  onde aquela nossa historia tão enrolada
  se demora tanto
  em cem antos inacabados
  sem atos terminados.

  O meu público era só você,
  meu ibope altruísta

  num amor pessimista
  de uma atriz consumista

  que te consumia todo
  e apagava todas as velas

  e quase todas as expectativas
 de uma possível chance
 de um remoto futuro
 que teria ao lado da pessoa da vida.


Desista

Ela não vai olhar
a não ser que você grite muito
por muito tempo
e bem alto.

E eu estou ouvindo
até agora...

Ágape


    O meu idealismo é muito puro.
    A única coisa de Eva que ainda me pertence.
    Eu sou muito pura.
    O meu idealismo é muito puto
    Eu sou muito pu*a.

    Não reconheço mais o que vejo
    nem o que não vejo
    Agnósia
    Amnésia
    Frenésia.

    Eu gosto de inventar o que não beijo.
    Eu gosto de acreditar no que minto.
porque eu  sinto.

    Eu cultivo vícios,
                       eu perco o início
e não tenho margem.

Alinha à esquerda
Desconexa vereda
sem margem
sou quase mira(ima)gem.

    Minha agnósia
    me perco em prosa
alheia
    não reconheço minhas palavras
    não reconheço palavras
    um retrocesso a minha.
um descomeço
    a linha.

    As vozes não são atrás
    não vêm à frente
    são meu atroz
    meu algoz
    são minha mente.

    Delinquente.
tão demente
deem a mente
dê mente
    tolos inconsequentes
    todos inerentes
a uma falta desmedida de cefalização
    são lúcidos
    são lúdicos
    trans.lúcidos
arte. ficiais
    expressões super.fi(a)ciais.

Testando, um, dois, três, testando...

    Que o meu sangue não pulsado
    já pulsando
    pingue em gotas grossas
    como chuva de vontade
    como plavras de verdade
    no teto.
    No meio da testa.
    Testando você.

    É tudo mentira!

    Não confira.
    É tudo jorrado

asfalto teto telhado

    com cheiro doce e enjoativo de fruta de ontem
    um cheiro chato e impregnativo
    me descontem.

    É um ritmo que não sai ca cabeça.
    Quase alienação
    pura mistificação
    decorado
    de cor
    acordado.

   Flores na janela
   é o que estranhos querem
   ou um verbalismo qualquer.
   

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Trecho

 Os passos são consequência e não caminho.
 Em dias de cores bem fracas, onde é preciso prestar bem atenção antes que elas sumam.
 Dias de céu sensível e úmido, onde se precisa ter cuidado para que não estoure e encharque tudo.

  Me sinto clandestino. O céu não me trata como um dos seus. O ato de crer em outros deuses me ata a um ato contínuo de purgação diária.
 Neste céu que não é meu e nesta terra que não é minha,  procuro o eu que uma vez me ouvi dizer, estaria em algum lugar bem longe de onde me sentiria confortável. Aqui estou e não vejo nada, não sinto nada, nem saudades de uma possível casa.
  Os rostos que me rodeiam não me querem aqui e também não os quero ali. Eu só achei que se eu procurasse o mais longe que eu conseguisse seria mais fácil de achar. Era esse o sacrificio que eu tinha que fazer, era esse o preço que os meus demônios me cobraram pra me deixarem em paz. Mas até eles tinham me abandonado.
  Agora eu não tinha mais medo.
  Eu não tinha mais nada.
  E estava infeliz.

      (continua?)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Desastre

  Um acidente geográfico
  de um tamanho relativo.
  De consciência catatônica
meio albinônica.

  Um acidente geográfico
  de um tamanho quase válido
  com um sorriso quase pálido
  e uma vontade absurda
  de gritar até ficar surda.

  Um acidente geográfico.
  Um trambolho não específico
  que quase atrapalha a visão
  do que as coisas realmente são.
  Um trambolho geográfico
  que te erra a percepção.

  Um acidente geográfico
  que pisa em girassóis
  que não tem o mundo aos seus pés
  e nem do outro lado revés.

  Um acidente geográfico
  que não era pra estar ali.
  Eu não era pra estar aqui.
  E minha mente quase falha.
  Fali.

  Um acidente geográfico
  mesmo com minha mente sã
  e uma poesia vã.
  É assim que me sinto.
  Numa meia vontade
  no meio da tarde,
  enquanto ela percorre o labirinto
  dos grossos fios da minha saia de lã.
  Eu apenas minto
  que não quero estar querendo
(Perséfone)
  comendo romã.

Vent(m)ania

  Minha nuca fresca.
  Numa brisa vespa.
  Uma folha despenca
                                 chão de suicídios.
  Escrita de subsídios
naturais.
  Simplória rima contraditória.
 
  Salve o vento
  e dele sua glória.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sobre sensibilidade

  Eu olho para o céu e me dá vontade de chorar.
  Eu estou em carne viva e não chove.
  A minha carne grita e não dissolve.
  Ácida. A cidade me corrói.
  Acima.
A sina me
r
e
c
a
i.


Uma janela me distrai.


  Meu nome é fugacidade e eu preciso de reinvenções diárias.
  Meu nome é anfoteridade e eu preciso de rações contrárias.
  Meu nome é superficialidade e eu preciso de indumentária.


  Não espere se apaixonar por mim hoje.
  Estou sensível, ferida e por isso detestável.
  Estou ferindo com ferro. Estou cega mas não berro.
 
  Evidente evidenciada.


  Parece que estou brilhando e pano nenhum me cobre.
  Parece que estou me fechando em volta de minha rima tão pobre.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Segunda-feira letiva

  Hoje eu não escrevi nada, mas só pra não dizer que foi um dia improdutivo, eu aprendi análise combinatória e gostei^^

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Monstro III

  A garota indolente, a garota odiada, a garota inconveniente, a garota insolente.
  A garota odiada por ser insistente.
  A garota odiada por ser indolente.
  A garota odiada por ser inconveniente.
  A garota odiada por ser garota.
  A garota odiada por ser indecente.
  A garota encantadora odiada por ser garota.
  A garota odiada por ser má.
  A ingrata odiada.

  A que escreve por vício, mania ou necessidade, achando que alguém se importa, que alguém se interessa sem ter interesse.
  Como se alguém se envolvesse.
  Com a encantadora que escreve.
  Com a mentirosa que serve
na bandeja pess(ç)o(nh)as estranhas.

  Que por instinto, escreve cartas mentais de suicídio.
  Que por amar, comete diariamente um homicídio.
  Pessoas como ela não merecem esse tipo de amor.
  Pessoas como ela esquecem o que aprenderam com a dor.
 
  Agora ele se sente quase mal.
  Quase porque ainda está por cima. 
  Acima de qualquer movimento que a paralise.
  Acima de qualquer história que a estatize.
e ela ainda acha que está por cima.
  A garota que não sabe amar.
  Agora o corredor está vazio, as luzes estão acesas e os seus pés estão na mesa.
  Quase assutador.
  Quase porque ainda está acima.
  Acima do chão e de qualquer movimento que a deslize.
  Nada de areia movediça.
  Nada de domingo e missa.
  Seis pecados e a cobiça.

  Ela sedesculpava, se desmedia e declarava.
  Sua consciência a culpava de ter sido ela mesma. Nunca somos nós mesmos.
  Fingimos ser melhores.

  Ela se lixava, se comedia e se guardava.
  Pois a sua vontade estava acima disso. Era algo mais profundo do que se repudiar por ser você mesmo.
  Era saber exatamente o que queria e fazer com que terceiros excutassem o oposto por mero capricho.
  Ela não executava, ela esperava o andamento de seus pecados.
  Apenas financiava gatos e sapatos com sonhos baratos.
  Ela precisava sobreviver e não fazia fotossíntese.
  

Episódios (novela mexicana)

  Termino de macular minha página com vermelho.
  Estou com gosto de corpo na boca e um sorriso rápido e safado me desvia toda vez que acidentalmente penso em você.
  Estou em intervalos.
  Sou intervalo e me intercalo entre menina bem comportada e indolente infantil.
  Aqueles olhos de fruta fresca me encarando cada vez mais fundo.
  Aquela flor de caramelo dilatando por minha causa.

  Eu te assoprandodentes de
leão
  Você me sussurrandovontades de
ferro.

  A gente que soube aproveitar a melhor parte de uma coisa tão complicada.

  Não me esquece, promete?
  Os meus velhos livros velhos. Eu respeito os mais velhos e agora respeito a pessoa que sou.
  Outras histórias?
(risos!)
  Apenas intervalos de você.

  A minha razão caduca.
  Sempre há algo entre a gente já percebeu?
  E nunca seremos ou estaremos juntos, porque entre nós há nós, e sempre haverá.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Do que ainda precisamos aprimorar.

  Venho pedalando muito rápido porque à essa altura do campeonato- de bolos e atrasos-  você já percebeu que pontualidade nunca foi o meu forte.
  Você me vê chegando e tenta de um modo precário e quase meigo sufocar um sorriso.
  Tenta de um modo inútil fingir que está tudo bem e de maneira convincente que tudo vai ficar.
  A gente repara em silêncio que o meu shorts curto tem um caimento perfeito quando você está do meu lado e que minha blusa colada tem o decote que você sonhou.
  Te abraço apertado e fico toda faiscada de amarelo.
  Você me dá um beijo molhado e aperta minhas curvas finas de caramelo.

  No carnaval, no meio de um tumulto a sós, num lugar de ecos, num lugar de becos, onde carne vale.
  A nossa carne valia.
  Em cima da bancada de carne.
  Brincadeira vadia.
  Aquilo era um velho açougue.
  Nossa nova carne em cima da velha bancada.
  A nossa nova história em cima das ruínas de um passado maltratado e recente.
  Cinzas frias.
  A gente quente.

  Agarra minha cintura e eu me enredo em teu pescoço.
  Como um cão e o seu osso.
  Minha lembrança é um esboço.
  Quando as coisas ficam quentes quem se encarrega é a censura.
  Da minha cintura enlaçada.
  Da minha roupa amassada.
  Dessa vontade sem cura.
  Na minha boca uma secura.
  Me quebra.
  Me pega
  e me segura.

 
                  Uma sede do caralho
                  Cem gotas de orvalho
              e uma rima horrível sem cenário.



  Porque a nossa estética inexiste.
  A gente não era pra acontecer.
  Porque a nossa poesia coexiste e se inter.fere
  e a nossa rima não confere.
  Nosso desquilíbrio é frágil.
  Nossa sintonia quase falha.
  Numa sinfonia em retalho.
  Um baralho de navalhas.


  Têm pessoas que têm o rei na barriga.
  Eu tenho uma lua.
  Um "eu te amo"
  e duas bocas.
  Uma desenhada
  outra fulano.


  Enquanto você dava uma de estetoscópio humano, ouvindo meu coração, meu estômago e outras coisas; eu dava uma de menina sonhadora, gritava "Eu te amo" e me diluía naquele céu azul com tufos de algodão, que já havia sido quase um pesadelo em outros tempos. Em outros templos, outras adorações.


  Eu conversava com a sua barriga e você me fazendo caretas de arrepio.
  Eu vermelhando sua pele branca e te olhando com olhar vadio.
  Você é o meu desvio.
  Meu meandro sombrio que me induz a um beco vazio pra me instigar perversões.
  Contradições.
  Que a maníaca seja eu.
  Que o crime seja meu.
  Que violentado seja o corpo seu.

  Mas a hipocrizia é minha.
  De metir com pura honestidade.
  Na voz banalidade.
  No corpo,
  límpida veleidade.

  Inteira metade
  inha
  Completa vontade
  ua
  Uma volta e meia
  beijo
  Meia volta outra

  deixo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Indigente

  Aquela putaria toda.
  Porque as reprimidas são as piores.
  Uma agulhada fina.
  Aquela puta na sistina.
  Uma puta vontade.
  Uma puta de vontade.
  Uma pontada.
  Várias pontadas.
  Quero ver você se cortar todo, dizer que quer mesmo os mais profanos e um sortilégio na esquina.
  Com um pouco de sangue e uma cara lavada, ou cara de beijo, porque hoje eu aceito os dois. Hoje eu aceito até você, que sois o negro e minha parte podre. Aquela que tanto falso, que tanto falo, que tanto omito.

  Todo sobrescrito em substrato.
  Ah!
  Prazeres prosaicos.
  Estou falando de sacrilégios.
    todo amor é incestuoso.
  Estou falando de sacrifícios.
    todo amor é doloroso.

  Falo ainda de mecenato, pois a arte tem seus patrocinadores.
  Qualquer tipo de arte.
  Qualquer tipo de artista.
  Qualquer tipo de patrocínio.
  Todos depurados de amor, ou deturpados por ele.

  Porque eu quero algo desapaixonado.
  Porque eu quero a forma de arte em beleza profunda e em forma artística e inútil, segundo O. Wilde.
  Mas eu amo profundamente.
  Se ela for bela o erro é meu, mas se não for, apreciem-na, porque terá alguma utilidade.

  Fruta passada escorrendo entre dedos.
  Dedos escorrendo entre peitos.
  Minha boca escoreando corpo.

  Meus olhos ardendo e você me beijando.
  Você é como areia na boca de embriagado.
  Você me promete.
  E eu tento não esquecer.
  Você me bate e eu te amo.
  Você me mata e eu difamo.
  Você sente e eu reclamo.

  Mas é um gosto gostoso.
  Adstringente, confesso.
  Abstinente, um retrocesso.
  Porque sou primitiva.
  Porque sou intuitiva.
  Porque sem aquilo em que me apoio o meu desapoio é você.

  Olha pra mim e diz o quanto eu sou cascavel.
  Que te injeta peçonha (ou panacéia) na veia.
  Que te sonha a cega, que te oponha e nega.

  Então olha pra mim.
  Mas agora não diga nada.
  E também não pense.
  Pois você não me ama em pensamento.
    mas também não me ama ações.
  Você só me ama quando seus sentidos, seu corpo e sua mente  estão falhos.
  Porque sou sua kriptonita.
  Aquilo que te limita.
  Uma eremita com multidões.
  Uma erudita com ereções.

  Conjugue um verbo qualquer na terceira pessoa do plural e me diga que tipo de platéia você quer ser.

  Me diga que parte do corpo está sentindo agora e eu te digo o estou com vontade de fazer, que tipo de amante você é e o que vamos comer.

  Se eu estou falando de amor?
  Mas eu estou apaixonada.
  Aquela paixão não direcionada que me dá vontade de gritar, fazer parte do chão e ser pisada. Beijar você e morder sua língua.
  Você me deixa?

  Eu só queria correr um pouco mais e sentir o vento bater um pouco mais forte.
  Só por esporte ou meio de transporte.
  Qulaquer coisa que me conforte.

  Quero falar sobre algo do qual nunca falamos.
  Nada de desejos.
  Nada de sonhos, vontades, amor ou segredos.
  Quero falar sobre a unha.
  A unha que quebra quando arranho suas costas.
  Ou sobre fios.
  Fios de cabelo que ficam na sua mão enquanto devoro o seu pescoço.

Encontro

  A primeira coisa de que me lembro é de um amarelo.
  Amarelo deserto.
  Amarelo ocre.
  O resto também é importante, mas eu tenho que pensar.
  Esse amarelo é amarelo miojo.
  Instantâneo.
  Instintivo.
  Espontâneo.
  Ele sempre surge.

  E depois de lembrar dele eu volto pro começo.

Por aí

  Carrego a noite na cabeça porque dessa vez sinto que ela é mais leve que eu. Trago minha mente em pedaços amarrados nas costas porque noite e verdades juntas ocupam espaço demais.
  Meus olhos já não se aguentam mais e eu nem comecei a ver.
  Minha cabeça dói e está tudo escuro. Não vejo Maria nenhuma e não reconheço constelções.
  Não quero perder possibilidades mas também não quero ficar no cais.
  Hoje, a noite precisava de chuva; aquela que me olha com pernas finas. Ela teria a delicadeza ideal pra desmanchar meus pensamentos. Pra derreter os pedaços da minha mente às minhas costas e e tatuá-la de imagens desvairadas de noites varadas sem dormir. Como esta.
  Dessa vez a rua é silenciosa. Nem aquele cachorro está latindo, e aquele cachorro sempre late.
  Os meus anéis estão no chão porque os meus dedos estão finos demais. Minguante minguada.
  Arfante concentrada.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sobre coisas

  Tente me ouvir enquanto falo de amor e talvez as outras histórias te pareçam mais românticas e menos reais.
  Ouço o barulho de alguma coisa se quebrar. É a minha percepção que se faz em muitas e me faz em muitas. Características sensitivas a cada pedaço. Reações diferenciadas a cada nova consequência reativa e incabível.
  Estou feliz e me sinto triste. Feliz porque sinto que posso ir longe pela primeira vez. A grandeza me parece concebível e mesmo que eu não possa vê-la, sua atmosfera me parece paupável. Não me animo com aparições do que possa parecer mas, mas dessa vez eu sinto, com tato e boca. Alguma vezes, quando não se sabe em quem ou em que confiar, é bom perceber que se pode confiar em si memso quando os outros parecem turvos e as verdades muito pontiagudas. Sinto que de alguma forma precária e fugaz, aida conservo toques de pureza.
  Sinto que contenho e preservo uma força latente muito grande. Ainda que diluída , pois agora não posso gritar. Penso em voz baixa e escrevo em letras grandes.
  Percebo que os meus planos têm consistência ainda que minha auto-estima tenha acessos visíveis de fraqueza.
  Me sinto bem com o fato de estar aprimorando minha invisibilidade . Não sou vista quando não quero ser. Abomino multidões. Me sinto exposta, mas adoro ver sem ser vista. Parece que não faço parte e me sinto bem quando não faço.

  Ando vendo o ser humano em algumas das suas fases. Às vezes quase agradeço por viver numa bolha e não ver nem uma fração do que somos capazes de fazer. Nesta lista há mais coisas ruins do que boas.
  A degradação é uma compulsão.
  Depois que você começa, cada novo nível desse patamar é banalizado. Elas simplesmente não percebem.
  Deixe ver quem quer ver.
  Isso me deixa profundamente triste. Porque embora não seja comigo, é comigo.
  Deixe ver quem quer ver.
  A chuva continua caindo, cada vez mais forte. O sol continua brilhando, cada vez mais quente. Se deixe derreter. Inconsistência por inconsistência..
  As pessoas sentem necessidade de ultrapassar limites, mas são tão egoístas que usam esse potencial para a auto-degradação, porque fazer algo produtivo necessita pensar,e ligar no automático é muito mais fácil.
  Um dos meus defeitos é acreditar no homem. Que não é a mesma coisa que confiar, mas eu acredito mesmo nesse serzinho primitivo e em suas capacidades de fazer alguma coisa que não seja em benefício próprio ou em degradação (sua e de terceiros). Quem sabe um dia desses o meu ceticismo não dá as caras e eu paro de escrever. Tem dias que rezo para isso acontecer (porque colocar isso nas mãos divinas faz meu psicológico burro acreditar que estou lavando minhas mãos) e outros dias choro por tudo não passar de uma piada.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sobre hipocrizia

  Eu dissimulo verdades com uma frieza que muitas vezes acho não ser normal.
  Me assusta mais o fato de não me importar, e às vezes, eu mesma acredito. Sou fria, quase impessoal. Pois com o tempo você descobre que para mentir você precisa ser pessoal. Você também precisa acreditar naquilo por um momento para que os outros também o façam. Mas se você acreditar pra sempre, acaba virando um deles. A diferença é que a aramadilha é sua.
  Mentir é estar preparado para reagir a qualquer estímulo provocado pela sua prórpria mentira. É ter a lágrimas no gatilho, um sarcasmo afiado e um sorriso amarelo e acalentador pronto pra funcionar apenas apertando um botão. O botão da consciência sem culpa. As palavras são importantes, ordene-as com cuidado. Dependendo do caso, apele para a pieguisse. É uma mentira, então faça com que acreditem. Você tem material pra isso, use-o como bem entender.
  Mentira é sempre usada por uma questão de sobrevivência. Não disse questão de vida ou morte, e sim SOBREVIVÊNCIA, são coisas diferentes.
  Os escrúpulos? Como eu ainda ando descobrindo se os tenho ou não, consigo ter acessos de amoralidade sem maiores dificuldades. Para isso serve o botão do discernimento, você o liga ou desliga dependendo do seu humor. Se o botão estiver imperrado apele para  a imoralidade. O problema dela é que ela é uma coisa permanente e alguns de nós somos seres humano mutáveis. E ainda há outros que são normais.
  A hipocrizia é uma arte bem remunerada (os atores que o digam), apenas não bem vista.
  Não, eu não sou uma atriz, apenas uma atrevida com acessos de indolência e de moralidade questionável, ou uma hipócrita que acha saber mentir. Isso é quase tosco. Simplório. Não pense que me orgulho e não pense que me orgulho de tudo o que faço. Eu teria vergonha. E talvez sinta, mas escrever isso me leva à impessoalidade e não sinto mais nada. Apenas uma pontada fina , aguda e maçante que parece penetrar o esôfago e o contrai inteiro. Minha impessoalidade agora me impede de falar porque escrever com sentimento seria estupidez.
  E eu estou pronta pra atirar a primeira pedra.
  E eu estou pronta pra aceitar o meu linxamento.
  Me dói saber o que me motiva,  porque os meus motivos não são mentiras e por isso pessoais demais.
  Eu guardo minhas madrugadas para minha frieza e falta de espírito. Sentir muito todos os dias te deixa vulnerável.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

au au

  Relaxo minha mão e desisito de qualquer ideia.
  Relaxo minha mão e percebo que o sono seria minha panacéia.
  Relaxo minha mão e perco uma odisséia.
  Relaxo minha mão e seduzo minha rima ao ponto onde só ela exista.
  Faço ela ser por si só, pois agora o silêncio absoluto só não é absoluto pelo roçar da caneta no papel. Só não é absoluto pelo meu jogar de carbono arfante e com a mesma rima até o fim. 
  Cordel.
  Alguma coisa lateja em meu ouvido e folhas caindo fazem menos barulho que minha sanidade.
  Palavras ao pé do ouvido me pregando realidade.
  E quando digo duvido minhas certezas se escoam com mais vontade.
  Os cachorros me latem
 meus sonhos me batem
e que minhas palavras faltem.
  Panacéia agora.
  Gritos/latidos. 

Domingo

  Lá fora uma chuva tímida persiste em céu quase ensolarado.
 

  Ela me observa parada com suas pernas finas.


  Eu paro e observo com minhas pernas finas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dia a

  Na calçada os caras que tomam conta dos carros cheiram cola.
  Você não os paga para que o seu carro não seja roubado, você os paga para que eles não façam nada com ele.

 
  Descendo a rua vejo um mendigo com dois pedaços enormes de frango na mão. Ele aparentava uma felicidade momentânea e barata com seus poucos dentes.

 
  Eu lembro/descubro que o correio é barato e isso me deixa animada.


  No carro, fico indignada com o grau de degradação do bicho gente.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre brutalidade

  Percebo que não sei amar porque não sou delicada. Essa coisa bruta que me consome e que chamam amor não é bonito, é doloroso.
  Pensar nele me tira a fome.
  Pensar em como ele se trata me dá crises terríveis de choro. E o modo como ele se trata também inclui me amar.
  Pensar em aceitar esse amor me dá ânsia, porque tanto amor assim é insuportável pra alguém imutura como eu. Sinto dor física, de verdade. Não preciso me esforçar muito e meu estômago entra em convulsão.
  Dói saber o que vem pela frente.
  Dói saber o que não sabia.
  Dói de todas as maneiras, de todos os lados e em qualquer posição.
  Eu já não sei o que faria pra não doer mais.
  Eu poderia ser delicada e ele poderia me odiar, e talvez eu fosse feliz, ou fosse uma infeliz sem dor.
  Mas a ideia dele me aperta o estômago, me dá vontade de vomitar todo esse amor altruísta que o meu corpo desconhece e rejeita, mas eu amo, e amo muito.
  Desconto em sal, e meu sal é tão caro...
  Começo a tremer, perco o sono e o controle. A única coisa que queria agora é ele. Ele que me mata.
  Eu me mataria.
  Quem dera não ser passional.
  Mas há outro jeito?
  Amor barulhento que me consome. É disforme e turbulento. Me balança, me tropeça, rasteira traiçoeira que me derruba. Estou jogada e não levanto. Estou desesperada e no antro. Meu vício, vício dele. Prazer de ninguém. Abstinência pura, intermitência crua.
  Fios de alta tensão sem proteção. Meu coração dói literalmente e preciso me diluir antes que fique louca. Preciso dele inteiro e toda falta é pouca.
  Estou rouca e seca.
  Mergulhada em estilhaços.
  Estou louca e suja
  De pedaços  e de (ca)b.r.aço.
 
  "Mas ser infeliz dói mesmo que não mate"
  E a dor mata mesmo que não doa.
  Ele me quer mesmo que não ame.
  Eu amo memso que não queira.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Tempos de utopia - Fundo do baú II

  É a falta de uma tal de liberdade da qual nunca experimentei o gosto.
  Do cheiro dos meus incensos não há mais  nem resquício.
  Dos meus amigos, dos meus arrebatamentos, dos meus antigos sofrimentos, dos meus quase tormentos, do meu sorriso despreocupado, dos meus beijos em lugares proibidos, dos meus falsos sentimentos desenfreados é que sinto falta.
  Falta de sair por aí, sem precisar dar satisfação a mim mesma pra ser feliz.
  Revolução em meus cabelos, muito vento na cara, muita noite estrelada, uma cara debochada e um mundo de palhaçada. Eu era dona do mundo e sabia disso. Pisava nele descalça com meus pés horrorosos e não me importava. Luzes de todas as cores, campos de muitas flores, um coração de mil amores. Era eu em carne e poesia. Sem estrutura alguma a não ser a poética. Minhas orgias verbais. 
   É disso que sinto falta.


  Começo a ler coisas de quem sabe escrever e sinto a necessidade de também o fazer pra tentar me sentir melhor: não funciona. Mas mesmo assim continuo até o ponto em que me sinto cretina e medíocre demais pra continuar e aí tento me quebrar. Então paro. Me desconcentro. Como alguma coisa - porque eu sempre preciso comer alguma coisa - e faço qualquer coisa que me aliene ou me impossibilite de pensar. Mas hoje não vou fazer isso. Quero ver até onde minha auto-estima aguenta ficar sufocada pelos meus defeitos. Estou tentando me livrar da superficialidade.
  Fico me forçando e experimentando até chegar ao limite da minha criatividade e ver o que acontece quando a ultrapasso. Mas minha mente é esperta e começo a sentir sono.
  Começa a chover. Uma chuva homogênea daquelas que se torce pra acontecer quando está prestes a dormir. Hoje quem vai velar o sono dela sou eu. Vou ficar aqui, parada. Mão em frênesi, sentindo ela até ela cansar de ser sentida, sentir muito e se retirar. Aí eu durmo. Assim eu descubro o que minha mente faz quando para de pensar.
  Minha mão para e meu pé começa. E descubro que por enquanto não consigo verbalizar tudo que quero. Minhas palavras me fogem e não adianta criar outras pois o problema não é escassez ou excesso, e sim questão de escolha. Sempre que há dois livros e tenho que escolher pego os dois, mas e as palavras? São muitas. Fico com todas e não escolho nenhuma. Preciso fazer uma propaganda melhor de mim mesma, pois não quero mais me comprar. Me falta ser atraente a  mim mesma.
  Me sobram olhos, me faltam observadores.

  Me sinto infeliz e não sei até quando isso vai durar. Não sei até quando eu vou durar. Mas ser infeliz dói mesmo que não mate.
  Minha mão está com um cheiro que não sinto há tempos. É quase descomunal manter os olhos secos, mesmo que simultaneamente eu tente forçar um sorriso pra compensar.
  É algo só meu. Essa tristeza, essa saudade, essa necessidade de me ver feliz. Chorar me consome muito e me sinto tão cansada. Me transbordar e sentir que pelo menos de uma maneira precária e inútil estou ultrapassando algum limite.
  Os meus demônios de hoje são diferentes dos de ontem, ou talvez sejam os mesmos mas com máscaras diferentes. A manutenção de novos demônios a cada novo tormento deve ser laborioso demais. Talvez agora devam investir em demônios mais versáteis. Agora mais que nunca estão os meus demônios, e são tantos! Já não sei mais o que fazer com eles. Não cabem mais no quarto então deixo a porta fechada para que ninguém os veja, e também não posso abrir a janela pois lá fora há muitos outros esperando pra entrar.  Pra não morrer sufocada acho melhor ficar em lugares grandes, sufoco menos.
  Minha privacidade foi violada. Durmo com meus demônios. Amanhã começa mais um dia e o Sol bem que podia achar algo mais importante pra fazer em vez de nascer.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Fundo do baú

  Numa vontade desumana de ser mais velha, mais velho...
  Ando sem gênero.
  Uma vontade alheia.
  Ela me consome tanto que não sou quando tenho ela, sou ela.

                                  ***

  Controle seus impulsos!
  Alguém me disse uma vez.
  É...acho que preciso controlar meus impulsos.
  De comer que nem uma porca, de escrever até o sol quando ainda nem durmo, quando ainda acordo cedo.
  Controle seus impulsos!
  SIM!
  NÃO!
  Admito agora que sou primitiva e impulsiva quado isso se trata de uma lenta auto-destruição complusiva.
  Controle-os!

                                    ***

  Manias.
  Não, não há nenhuma normal.
  Vamos lá...tente se lembrar da pior...
  ...deixa eu ver...
  Ah!
  Essa tenho certeza é inédita!
  Toda vez que me vejo em uma situação aparentemente sem saída faço instantânea  e mentalmente uma carta de suicídio. Faço muito esforço pra não parecer piegas.
  Mas a faço apenas mentalmente, pois se escrever de fato, aí só falta cometer o ato.
  Quente demais pra mim.
  Se vier uma vontade muito forte de o cometer penso: ainda não tenho uma carta.

                                    ***

  Quando estou no âmago de uma situação, aquela cor se funde em mim com a mais marcante tonalidade possível, mas é incrível o poder que o tempo tem de banalizar as coisas.
  Depois que a cor passa, a vejo desbotada e com falhas inúmeras.
  O mesmo acontece com amores de domingo à tarde.

                                    ***

  Olho para aquele resquício.
  Pálido.
  Fraco.
  Ausente.
  Raios de sol.
  Tarde demais pra ficar cega.

                                    ***

  Reconheço desconhecidos mas não olho para os lados.
  Distraída.

                                    ***

  A lei e salsichas: me dão nojo.

                                    ***

  O começo é meio estranho.
  Não sou boa com eles.
  Minha mente ultimamente anda me negando escrita.
  Minha mente grita, minha mão para.
  Ando meio calada, corro ouvindo demais.
  Nem percebo.
  Narrações alheias, meu silêncio passa despercebido por mim.

                                    ***

  Conto estrelas.
  Ah! Mas que ignorância a minha! Deixei escapar uma.
  Mas não sei contar depois de...de...
  1, 2, 3, 4...

                                    ***

  A garota inexperiente que se fez experiência para experimentar.
  E a ré se declara:
                                    BURRA!
  Não sou pior, apenas não sutil.

                                    ***

  Sou platéia passiva de minha atividade.

                                    ***


 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Monstro (II)

  Tem uma femeazinha cretina zumbindo no meu quarto.
  Estou prestes a dormir e só me falta o sono.
  Estou prestes a dormir e só espero que passe essa dor de cabeça alheia e inútil.
  Estou prestes a dormir e penso.
  Penso na minha caneta macia e preferida que fez o favor de falhar e me obrigou a levantar da cama para pegar outra.
  Penso em coisas.
  Em pessoas.

  E essa femeazinha cretina zumbindo no meu quarto louca pra me usurpar gotas vermelhinhas e suculentas do meu sangue doce e fresquinho.
  Penso que é tarde e hoje acordo cedo.
  Penso em como esse calor irritante vai me possuir e me deixar suar a noite inteira até eu acordar cansada de manhã e querer voltar pra cama.
  Penso na minha frigidez cruel e ingrata a desprezar as coisas simplórias  e meigas que o amor alheio me destina.
  Penso em pessoa.
  Naquela pessoa.
  Merda!
  Não era pra ser. Não era pra ser nela e nem desse jeito.
  Era pra ser melhor. Era pra ser com o amor que ela marece. Era pra ser com o amor que eu sou capaz.
  E eu sou tão capaz...
  
  Merda de femeazinha cretina! Me chupa logo e vai embora!

  Há uma letra jogada no meu quarto.

  Penso que estou com saudades do meu irmão e a semana está com uma má vontade impaciente de passar.
  Penso em quanto tempo mais vou ficar aqui perdendo tempo escrevendo. Meu estômago faz revolução e eu já escovei os dentes.
  Penso nos livros que tenho pra ler e até quando o meu bom humor vai durar. De quantos euteamobomdia eu vou aguentar. Não é de verdade, pelo menos acredite nisso de boca fechada, ok?
  Fico de cabeça pra baixo e tento perceber se o mundo está diferente. Algo mudou? Sim, agora as coisas estão do jeito que deveriam estar. Minhas ideias dão uma chacoalhada também, só pra entrar em sintonia com as oirártnoc odal od sasioc.
 
  Femeazinha de merda!

  Olho para o meu ursinho de pelúcia. Ele está olhando para o meu passarinho de palha parado no ar. Uma vez ele me disse que queria voar.(Uma vez eu disse que as coisas são parecidas com os donos).

  Ela canta tão alto pra minha dor de cabeça que me dá vontade de levantar e começar a cantar também.

  Eu perguntei o endereço e disse que ia mandar uma carta. Falei pra ele escolher entre máquina de escrever ou esses códigos ininteligíveis que têm a bondade de chamar de letra. Ele preferiu minha "letra" e prometeu que iria entender. É a primeira promessa nossa que ele não vai cumprir.

  Então eu pego ela.
  Eu como ela
  e ela dá pra mim.
  O meu sangue de volta.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Morta.

  E me despeço.
  Dessa lentidão descompassada e vazia.
  Timidez. Ela está aqui mas não sei como chamá-la.
           estou morrendo e não tenho onde me segurar.Eu só queria um pouco de céu.

 Paixões indianas desfeitas, personagens desconhecidos e crueldade barulhenta e sutil. Era só isso o que eu precisava.
  Sobre umbigos e lobas.
           estou morrendo e só queria um pouco de laranja.Eu nem tenho uma fita no cabelo...

  Me pedem segredo sobre amores sutis para estranhos e eu digo que nem era necessário.
           estou morrendo e só preciso de um pouco de comiseração.

  Saudades de me embebedar em duas taças, crises de relações inexistentes e fogo pegando sem arder. 
  Olhos verdes, negros e vinho olhando pra mim de jeitos tão peculiares, tão particulares, tão familiares.
           estou morrendo e ainda não tenho um epitáfio.

  Conspirações astrais, benevolência temporal, sutileza matinal, vespertina, noturna.
  A diária.
  Era barata. Era cara. Os olhos.
  Da cara.
           estou morrendo e ainda não doei meus órgãos.

  Vá em frente.
  Me grite o quie não quero ouvir e me suss.urre o que não consigo escutar.
  Estão todos acordados, estão todos corados.
  Estão todos queimados.
           estou morrendo e ainda não vi o Sol.

  A mesa empoeirada. Poeira filtrada. Pelos lençóis cinza.
  Cara lavada.

  As unhas pintadas. Vinho tinto.
  Era a cor.
  Esmalte roído. Era o vício.
  Vinho tinto.

  O céu em carne viva. A unha de gato. Arranhando tudo.
  Insensato.

  O livro manchado de gotas distraídas. De mãos distorcidas. De palavras caídas.
  De páginas assumidas. Em suma. Sumidas.
           estou morrendo e não tenho virtudes.

  Em asas que não tinham pena nem dó, me voava e decolava.
  Me viava e descolava.
  Me viajava e deslocava.
  Me vejo descorada.
  Me beijo decorada.
  De cor.
  E salteado.
           estou morrendo e não tenho coração.

  Me amanheço em gelo. Gesso.
  Estou dura e despedaço.
  Deste pedaço, um traço me condiciona ao dePEDAço. 
  Ao PÉDA letra. Na gaveta 
  ao PÉDA rima. Em cima. Cabeça.
  Me esqueça. Me forneça. Seu número. 
  O seu cachorro tem?
           estou morrendo e ainda não me toquei. Toco 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo

  Faltam 20 minutos para 2010 e fiquei meio desesperada de ter mais um ano me escorrendo pelas mãos.
  Resolvi escrever um pouco.
  Minha família está reunida.
  Minha mãe está nervosa como sempre.
  Meu pai contando estórias doidas como sempre.
  Meu irmão se divertindo e rindo como sempre.
  Eu escrevendo como sempre.
  Meu cachorro dormindo como sempre.
  O Júlio verde como sempre.

  Ainda preciso mandar uns SMS's pra algumas pessoas que não estão pensando em mim agora mas eu sei que nunca me esquecem.
  O meu telefonema do dia já aconteceu. Se eu me perder em 2009 e não encontrar 2010, pelo menos a lembrança da voz dela estará mais próxima.
 
  Esse ano eu ganhei meu primeiro olho roxo, colhi flores e deixei meus 15 anos e algumas besteiras pra lá.
 Redescobri meus amigos e novos segredos. Constatei que amo cada vez  mais meu irmão, que minha mãe vai ser sempre nervosa, meu pai sempre chato, que o Max nem sempre vai estar aqui e que o Júlio vai morrer depois de todo mundo.

  Eu não fiz grandes descoberta sobre mim este ano, mas percebi como as outras pessoas me completam de uma maneira tão necessária e de como sinto falta de todas elas, (até da mulher que tem cara de Marisa e que passa perto de casa de manhã para ir trablhar. Ela tem olhos cansados). Se quiser saber de todos os meus segredos é só perguntar aos meus (des)conhecidos. Tenho muitos cúmplices.

  Por pior que tenha sido, sentirei saudades de 2009 e das coisas que deixei pra trás. Estou com um pouco de medo de não conseguir me lembrar das coisas que perdi e do quão boas elas foram.
  Tenho medo de que minhas cicatrizes se fechem completamente e de que eu me esqueça do quanto a dor que me maltrata me ensina.

            Esse ano novo preciso:
  Rever pessoas.
  Contar algumas coisas.
  Passar no vestibular.
  Estudar de verdade.
  Amar tudo de novo, com novas tonalidades e se possível com mais intensidade.
  Ler mais.
  Ser menos cruel.
  Menos indolente.
  Mais tolerante.
  Colecionar menos hematomas(desastrada).
  Emagracer um pouco mais
  e Dormir um pouco menos.


  Talvez eu tenha mais coisas pra dizer. Eu sempre tenho.
  Vou sentir saudades das cores de 2009, das pessoas de 2009 e da pessoas que eu fui em 2009.
  Bons tempos e bons tempos virão.

  Dizem que o que você faz na virada de ano, é o que você vai passar fazendo o resto do ano.
  Agora já é 11:58.
  Feliz ano novo.


  Agora vou indo.
  Tenho que chorar um pouco abraçando minha família, receber umas lambidas do Max e uma "cantada" do Júlio.
  Te vejo em 2010.