Você me vê chegando e tenta de um modo precário e quase meigo sufocar um sorriso.
Tenta de um modo inútil fingir que está tudo bem e de maneira convincente que tudo vai ficar.
A gente repara em silêncio que o meu shorts curto tem um caimento perfeito quando você está do meu lado e que minha blusa colada tem o decote que você sonhou.
Te abraço apertado e fico toda faiscada de amarelo.Você me dá um beijo molhado e aperta minhas curvas finas de caramelo.
No carnaval, no meio de um tumulto a sós, num lugar de ecos, num lugar de becos, onde carne vale.
Em cima da bancada de carne.
Brincadeira vadia.
Aquilo era um velho açougue. Nossa nova carne em cima da velha bancada.
A nossa nova história em cima das ruínas de um passado maltratado e recente.Cinzas frias.
A gente quente.
Agarra minha cintura e eu me enredo em teu pescoço.
Como um cão e o seu osso.
Minha lembrança é um esboço.
Quando as coisas ficam quentes quem se encarrega é a censura.
Da minha cintura enlaçada.
Da minha roupa amassada.
Dessa vontade sem cura.
Na minha boca uma secura.
Me quebra.
Me pega e me segura.
Uma sede do caralho
Cem gotas de orvalho
e uma rima horrível sem cenário.
Porque a nossa estética inexiste.
A gente não era pra acontecer.Porque a nossa poesia coexiste e se inter.fere
e a nossa rima não confere.
Nosso desquilíbrio é frágil.
Nossa sintonia quase falha.
Numa sinfonia em retalho.
Um baralho de navalhas.
Têm pessoas que têm o rei na barriga.
Eu tenho uma lua.
Um "eu te amo"
e duas bocas.
Uma desenhadaoutra fulano.
Enquanto você dava uma de estetoscópio humano, ouvindo meu coração, meu estômago e outras coisas; eu dava uma de menina sonhadora, gritava "Eu te amo" e me diluía naquele céu azul com tufos de algodão, que já havia sido quase um pesadelo em outros tempos. Em outros templos, outras adorações.
Eu conversava com a sua barriga e você me fazendo caretas de arrepio.
Eu vermelhando sua pele branca e te olhando com olhar vadio.Você é o meu desvio.
Meu meandro sombrio que me induz a um beco vazio pra me instigar perversões.
Contradições.
Que a maníaca seja eu.
Que o crime seja meu.
Que violentado seja o corpo seu.
Mas a hipocrizia é minha.
De metir com pura honestidade.
Na voz banalidade.
No corpo,
inha
Completa vontade
ua
Uma volta e meia
beijoMeia volta outra
deixo.
Profundo, revelador e me fez viajar até o cenário descrito! Ótimo entrosamento com as palavras, versos perfeitos! Corpo e alma falando, de alguma forma!
ResponderExcluirAmei! ♥-♥
Também me fez viajar te o cenário descrito..
ResponderExcluir^^
rs
A sinestesia é algo que me fascina
ResponderExcluire de alguma forma sua rima lhe incrimina
quando vc sente o vermelho
voce reflete um futuro amargo, com gosto de azul
que toma a forma de um vento
que varre a intimidade, a perversão
para trazer de volta o medo gerado por uma ilusão...