quinta-feira, 19 de maio de 2011

!

Colorindo e colorando
me divertindo enquanto coro
(de vergonha)
os meu nado rio
meus desvarios.

Em minhas tardes de brisa
a minha mi.Ra.IMA.gem
os meus cortes
os meus desavessos num (uni)verso de prosa.
(um pouco pretensiosa)

(sem muito sentido)
O meu segredo é apenas estético.
Poesia é palavrão. Um vômito rápido, escapau, foi. Fodeu!
Doeu?

segunda-feira, 28 de março de 2011

A sols

E como um laço
eu me despeço
do meu nó
do meu nós
do teu nosso.

Por( )que os meus eus têm que ser teus(?)
e ai
como queria um poço
um fosso
pra despejar de meu rosto a tua imagem.

e ai,
como conseguiria me sentir musa
se exclusa de meu universo
eu era ainda mais confusa?

deixe
que minha música eu musico  a sol
e eu serei minha musa
solo.
bemol.

domingo, 20 de março de 2011

Vai entender...

Tem gente que gosta de apanhar.
Tem gente que gosta de jiló.


e tem gente que gosta de matemática...

sexta-feira, 4 de março de 2011

veludando

     É o meu eu velado
     meu eu veludo
     meu teu sagrado
     teu cisne sangrando
     minha cisma regrada

- nossa sina rogada.

     Numa grama mais verde
     a do meu vizinho é zul

     Tua floresta é bambu
      minha floresta és tu.

     Uma coisa é certa

     Em fase discreta
     na minha porta berta
     a minha chave é segredo
     teu olho é meu medo
     teu tato e teu dedo
     tua voz e enredo
     me deixa fraca
     me desacata
     me destaca do meu universo
     e me faz em verso
     e me rima em prova
     e me diz a rosa
     que nem ela e nem tu
     são capazes de dizer
     onde é que se esconde
     o caroço desse angu. 

14 olham pra mim

gracinhas com mingau ¬¬'
obrigada Fê

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Caraminholando

Ai de mim.
Quando caraminhola.
Toda caraminholuda.

Ainda sou tudo.
Mas saudades de quando me sentia tudo.

Divorciada de minhas ideias.
Elas querem me tocar de leve, sentir-me quente, querendo ser sentidas frias. Se aproximam devagar, mexem no meu cabelo, me caraminholam e eu as nego.
VEEMENTEMENTE
As nego pois não as quero agora. E se elas me tocarem eu esqueço que as estou negando.



(estou a desejar ardentemente)
que me penetrem as e.s.ntranhas de maneira sensual e saigrosa. Que pire meu útero e me faça parir uma dentadura ou uma outra boca. Que mastigue, devore e cuspa palavras que não consigo proferir agora.

                               Parada nunca corri tanto
                               Alada sempre parei canto

e meu cabelo nunca foi tão embaraçado
- culpa das minhas caraminholas
                                         todas caraminholudas.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

     Não gosto e não posto nada que não seja de minha autoria. Porém, esse trecho que vou postar agora merece ser colocado em território alheio (não que os outros não o sejam).

                                                                                                                             Sem mais.


"Estas palavras não são minhas. Talvez pertençam a outros, mais nobres, mais loucos, mais livres do que eu. Tento dominá-las, mas elas têm vida própria. Tento poli-las, mas elas têm forma bruta. Por fim, vencida, tento agarrá-las e me desespero se fogem de mim. Se são frágeis eu as desprezo, se não têm sentido elas me exasperam e se não são belas eu as odeio. Mas não adianta. Elas me governam."

                                                                   Heloísa Seixas, Pente de Vênus.

Diálogo com meu irmão

- Quer água com gás?

- Ah... não. Ela é meio sem graça, e tem gosto de nada.

- Mas você queria tomar ela e ficar dando risada?

- O que?

- Você disse que ela é sem graça.

-Putz... você anda engraçadinho ultimamente né?

- É que eu estou tomando água com gás.

(¬¬)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Vida de filha única

é uma droga.



Por ele eu pagaria todos os micos do mundo.




(cara inchada e nutella, domingos de manhã)

sábado, 15 de janeiro de 2011

A mulher invisível

     E seria noite.
     Sua alma morna, resignada.

     Caminharia até os pés sangrarem
     até o chão esfriar
     até a alma acalmar.

     Sua resignação era pela busca.
     Uma busca tosca
     pois em vão.
     Um vão profundo na memória.

Não se lembra de nada antes dela

     Ela sempre esteve lá.
     Viera de onde?
     Partira de quando?

     Suas cores já confusas
     os cheiros foscos
     o tato amargo
    
     A busca um fardo.

     Mas o que poderia ele fazer? Contra aquela que chegara sem permissão, permanecia sem ficar e ia embora pra voltar?

     E sangrariam seus pés.
     E cegaria sua boca. Pois eram palavras cegas. 
     Sua língua era só barulho, suas palavras entulho, sua mente um mergulho.

     E seria dia tal.
     Tal dia chegaria.
     Mas não partiria da vontade dele.
ele era um objeto
     Dela, ele era um trajeto.
     Dele, ela era uma traição.

     Uma traição do natural
     daquilo tudo que conhecia como real.
     Ela era coisa e tal
(certas vezes puro mal)
     porque ela era uma traição.

     Quando o destino se enamora da voluptuosa vontade sem paixão, surgem ébrias traições contra Quem.
     Surgem sérias contradições sem nem.

     Mas o que poderia ele fazer?
     Senão procurar em cada vão de memória, em cada éter onírico, em cada vontade calada, em cada unha quebrada uma maneira de encontrá-la por sua própria vontade?

     Não era bem uma obcessão.
     Ela não era o objeto da sua.
     O que ele queria era provar para quem devesse ser provado que a sua vontade também manipulava.
     E esse "quem" também incluia ele próprio.

(continua)

Mu(an)danças

Minha vida uma loucura.

Pegando meus restos pelo caminho pra conseguir receber um abraço de novo, ninguém gosta de abraçar pedaços.
Estou com um monte de estórias na cabeça e não sei quando vou conseguir acabar com esse bloqueio bobo de achar que não consigo fazer algo mais concreto.

Meu irmão vai pra Nova Zelândia dia 18 agora, e deus! Que falta absurda ele vai fazer.
Não passei no vestibular e parece que fui a única pessoa do mundo que não. Por mais que fosse algo esperado, é decepcionante.

Então, pra começar terminando com esse bloqueio infundado de achar que não consigo escrever algo duradouro, vai aqui minha primeira tentativa.
É um impulso.
E não sei o que fazer com isso.
(nem com as estórias nem com os impulsos)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Por partes. (como um esquartejador)

     O prólogo da minha despedida acontece enquanto relembro do cheiro das flores.
     Um cheiro mestiço.
     enquanto meu
     quebradiço
     olhar
     olha para minhas mãos me lembrando das tuas
     olha para minhas pernas me lembrando das ruas
     olha para meus olhos me lembrando das luas.
     As luas passadas
     à nuas laçadas.


     Era um lance de tudo,
     de pele muda.
     Eu mudando e você falando.

     Eu muda.
     Eu mudo.
     Eu tudando um todo vazio.
     Eu nada.ndo num nado rio.
     E eu ria.
     Você não entendia.
     Não entendia que eu era capaz de querer mais.
     Não antevia que eu era capataz
fracassada de uma sede sagaz.
     E de uma vontade fugaz.


     No meu pacote estava escrito:
     os sonhos contidos.
(mas eles não eram contados)
     E mudavam.
     E se multiplicavam.
     Mas isso era um acordo tácito
     que não foi brindado
     mas havia taças.
Um brinde a uma farça.


     Dizer que quando sinto o cheiro das flores eu tenho mais possibilidades.
     As minhas poças são lagos.
     Os meus dados têm mais lados.


     Dizer que não tenho princípios
(é uma péssima mania minha)
     o que eu não tenho é memória
     e por isso escrevo.
(faço história)
     Eu mudo sentimentos e não o passado.


     Uma força bruta
     Uma parte luta
     A minha arte
     contra
     a outra metade.
    

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A morena rosa

A morena rosa.
Dizia ela que se amarrava em prosa.
Mas ela era falsa.
Era fabricada
Era brilhante.
E era receosa.
Aquela morena rosa.
A flor morena, aquela flor pequena.
Às vezes quase se esquecia.
Se esquecia que ela era mais de um.
Se esquecia da memória de nenhum.
Se esquecia que se amarrava em prosa, e que so(f)ria na poesia.
Às vezes ela quase esquecia, a morena rosa.

A morena rosa
(aquela flor pequena)
ela não era delicada. Ela queria ser protegida.
                                    -dela mesma
aquela flor morena.

E deus!
Quando alguém iluminava sua hipocrisia.
Quando se sentia suja quando comia.
Quando sentia o que fazia.
Ah, deus!
E como doía.

Quando aquela flor orgulhosa
se molhava no Aral,
ai deus! Como ardia.
Pétalas, flor, agonia.
Uma cicatriz vivia.

Ápora, aquela sede de ágora.
Paura.
Uma vontade ápura
(ex)pura.

Aquela coisa pequena
em certa noite serena
pensou em deixar
                 - numa noite comum


Vou sair


Disse ela.
Em certa noite serena
aquela coisa pequena.
Numa noite comum.



Uma rosa orgulhosa
viu que o hOMEM a chateava
Que a vida era quase boa
e que não se molhava só com garoa.
(esperava uma gota chuva a toa)



O seu enredo a boa atriz
ela não se doava como se quis.
Pediram-na consciência
e ela deu conivência.
Perdiram-na amor, um cadinho mais.
               - ela não entendia. E chorria.
A flor morena rosa.




Ela queria ela.
Ela sonhava em tela
por( )que ela, ela ela.
Ela queria altruísmo
ela queria outro pessimismo
não o dela.
Ela, ela ela.




quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Derivada

    Têm vezes que dá vontade de ser mais de um
(todos).
    Abrangente, musicar mundo.


     E seria talvez você o meu limite.
     Eu (,) Ser abrangente, talvez não abrangeria mundo se estivesse você.
     Mas abrangeria você e mundo se estivesse sozinha

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

algia

     Sinto falta da rima.
     Do não me importar.
     De ser detalhes fasciculados e me distribuir segundo as cores daquele dia.

     As minhas rimas na geladeira.
     O café tão diluído.
     As minhas bonitas mentiras.
     O meu universo em fá.
     Agora o fá em sim enfatizado.
     Não me aconteço.
     Eu faço e me despeço.
     Eu desço e permaneço.

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzrzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Falha da mesmice
E começar tudo de novo.
E agora não r.
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

     Em pá
     ssaros tão altos
     meus sonhos nunca foram tão caros.

     Do meu caderno vejo o sol se pôr.
     Penso no vazio aos domingos
     mas não tenho saudades do café.

panaceia não existe.

domingo, 12 de setembro de 2010

ri.t.mando

     Parece um mantra.
Ouve?
     Qualquer ritmo que não sai da cabeça.
Vontade.


     Uma conversa inacabada onde eu despia escuro e você via ruínas.

     Eu quero mais do que esse cheiro que fica depois que a vontade vai embora.
     Eu quero uma rima rara.

Comemorar o aniversário do silêncio...
quando foi que ele nasceu entre a gente e passamos a cultivá-lo?


     A desconfiança cega.
     A minha verdade prega
     uma situação invertida.

Jogando palavras como búzios.

     Depois de mim é tão difícil achar algo que combine com você.

No canto da parede uma macha
chamada discórdia.
Quantas pétalas era eu?
Depois das minhas cicatrizes você parou de contar tudo.
Antes das minhas matizes era difícil cantar mundo.

     Não, eu nego.
     A cegueira que me invade agora é pura negação.
     Toma, eu pego.
     Almíscar em fá afora é heterogênea mistificação.
     Porque a desmentira é nossa.
     É mistura,
     é grossa.
     Porque a ira na fossa
     é raivosa
     é chorosa.
mas eu choro açúcar

- a minha tristeza é fingida.

     Mas agora,
     sendo sincera
     eu quero mais.
     Desculpe-me fazer pensar que quando não ligo eu não vejo você fechando a gaveta e engolindo a chave.
     É o que todos fazem.
     Porque eu engano bem.

     Porém, a hora
     estando em guerra
     você fecha atrás
     e me deixa ver a porta
-porque está fechada.
     E me faz pensar
     que pensando não estar
     o que eu deveria fechar fechar
     são os olhos.
     É o que todas fazem.
     Porque você me quer sem.

    

Garota hipotálamo

Frio, muito frio.
Caramelo. Frio. Fazer amor.
Friocomerfazeramor
CALOR!
Fome, berinjela refogada, bolacha de maisena com margarina, vitamina de abacate, bisnaguinha com requeijão, leite gelado com groselha. Caramelo, chocolate, maçã.
friocomerfazeramor

sábado, 14 de agosto de 2010

Resposta

   E fico me perguntando se a gente já perdeu aquilo que a gente tinha.
   Medo do sim.

   Lembro de você me declarando

       amor ao meio-dia.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Monólogo.

1 - Faz o seguinte.
2 - Fala.
1 -  Pra falar a verdade, nem sei por onde começar. Comecei sem começo e agora não tenho mais meio. Ah, o meu conteúdo...

pausa longa.

1 -  Você consegue sempre dizer a verdade?
2 -  Não.
1 - (dá uma risada mental tão grande, que deixa escapar um riso perdido no canto da boca) Eu também não.

outra pausa.

1 - A mentira é minha garantia. É o modo que tenho de proteger a verdade da minha boca tão suja, dos meus atos tão sujos. Às vezes tenho medo.

2 - Eu sei.

1 - Medo de me trair.  Quando falo a verdade, me preocupo tanto com a rigidez dela, que me esqueço se estou sendo real. Mas quando minto, é tudo tão mais natural, eu posso calcular o meu verbo; a honestidade me parece mais palpável.

2 -  Suas palavras têm o peso da efemeridade.

1 - Minhas palavras têm peso. Parece que tudo que digo não é meu.
Inveja de Adão. 

pausa

2 - É assim.

pausa

Como o passarinho

e

o

vidro. 

1 - É inevitável.

2 - Também, mas é divertido.

1 - Divertido?

2 - Sim, gosto de ver você se contorcendo intimamente em decorrência de suas ações, mesmo as não cometidas.

1 - Eu preciso de você.

2 - Não, não precisa.
Você me quer por perto, e por isso é divertido.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

racionalizando

     Tem sangue escorrendo entre as minhas pernas e isso me incomoda.
     Medo aterrador de ficar louca.
     Minha vulgaridade me trai.
     Cara de boa moça.
     Palavras bonitas na hora certa e as sujas quando me distraio.

     Quantas vezes você já sentiu que tudo vai dar errado?
     Quantas vezes você não quis ser amado?
     Apenas desejado.
     O amor me depura e eu o deturpo.

     Um pássaro negro come meu fígado porque eu trago luz à minha razão.

     A chuva na janela fechada.
     Minhas falsas mãos tão vis tocam meu rosto.
     É horrível me sentir.
     Me pegar e ver que sou real.
     Morder meus lábios, deixá-los em carne viva e senti-los latejar.

     Hoje não arco comigo.
     Vontade de futuro só para que o medo se concretize mais rápido.

     Eu quero o meu silêncio absoluto.
     E que meu peito pare de doer.

aos meus pa(o)ssos

     De tudo que passa
até os meus demônios
     pois me sinto morta.
     Sem medos
     sem apelos
     sem desejos
     sem carne.

     De tudo que me basta
o amor sem passado
     superficializado
     e cremado
     não me altera nem comove
     ele me suja
     de pó.
     Cinzas, cinzas só.

                                                                                          Pela monotonia labiríntica,
                                                                                          que agora deparo ante ao espelho
                                                                                     os fios de meus cabelos.
                                                                                          Pela estesia tétrica,
                                                                                          que depois controlo perante o flagelo
                                                                                     as íris dos meus olhos de gelo.

                                                                                          O meu sutiã no chão
                                                                                          que já não sustenta essa carne dura
                                                                                    sem comapaixão
                                                                                          uma tal frieza.
                                                                                          Estou morrendo em plena idade.
                                                                                          Seria menos triste se fosse velha e feia?
    
                                                                                          Seria mais morte se eu não tivesse
                                                                                     tempo?
                                                                                          Mas eu o tenho todo,
                                                                                          eu o junto a rodo
                                                                                          e o jogo pra debaixo do tapete.
                                                                                          Será mais trágico se parecer que não o
                                                                                     tenho?

                                                                                          Eu fico mais bonita quando solto os meus
                                                                                     cabelos e os prendo quando estou segura.

                                                                                          E os raspo quando me abdico de qualquer
                                                                                     vontade.
                                                                                          É difícil não querer
                                                                                          eu sinto por temer
                                                                                          mas é só.
                                                                                          Mas é cinzas, cinzas pó.
     Um começo sem verbo
     pois o cansaço,
     aquele sem rima
     da mordida aberta
     sem dose certa.

     É sem aquele verbo
     que o começo não de repente, na mesa.
     Uma mordida no braço
     nos nervos de aço:
     a instalação do não verbo
     a desmistificação da não possibilidade da escrita sem ação.
     Exclamação: O Grito!
     Sem uma ligação
     a tentativa fechada
     o acaso da vontade aleatória
     da aparição do momento sem história
     eu na mesa,
     nervos de aço no chão.

 

terça-feira, 11 de maio de 2010

A sonho arranha céu

     Eu sonho com as suas mãos


     e num vento fraco e morno, num soturno grau,
um contorno.
              eu olho
              eu sonho
              eu velo


       a céu suponho.


-um véu eu ponho.


     Continuando a sorturno grau
- o contorno
     que me remete a estado de vazão
     de evaziva estação
     vazias estão
     as mãos com as quais sonho.


     Um barulho surdo
     eu me enconlho a frio
     um olho sutil
     me mira de cima
     brilha de rima
     astro civil.


                   a estrutura sem pauta me larga e ma.mata, me compreende e desata sem se importar  com a
                   minha frouxidão de ponto sem nó



       - da anti-poesia tão só.


     Me vazo por bocas alheias
     ando a pé por uma cidade que se constroi acima de sonhos abertos
     que quase encostam nos astros despertos.


     Estrutura vagabunda 
     inexperiente inconsistente
     de um gesto só
     cuspir na minha cara
     Óh, cara poesia
     minha salvação tardia.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Volga

     A Olga escondia algo
     a Olga nadava no lago
     e via tudo.
     A Olga ia muda e falava ao mundo.
     A Olga gostava de ir fundo
     no lago
     e no mundo gado
     vida gorda
     presente aceito
     de bom grado.

     A Olga escondia algo
     do mundo.
     Forte logrado
     oeste arrebolado
     leste forjado
     arrebol
    no mundo, a Olga escondia algo
     a sol.

     A Olga remediava sul
     consertava este
     se virava norte
     sorte
     sorte não perder assim
     solte não perder o fim
     sorte.
     Corte em mim.

     O segredo da Olga
     a fio cavalga
     horizonte de marfim

     constelções de festim.
     Um tiro.
     Estopim.
     O segredo da Olga
     duas metades sem fim.

     A Olga perdia algo
     toda vez que entrava no lago
     ela dissolvia a saga
     ela devolvia praga.

     Algo guardado
     salvo fechado
     mago calado
     fogo molhado.

     A Olga dissolvia o segredo.
     A Olga molhava o sagrado.
     A Olga profanava molhando.
     Carne viva
     sorte vil.
     A Olga perdia algo.

     A Olga perdia algo
     pro mundo
     toda vez que entrava no lago.
 
   

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eras

     Olha pra minha idade de mentira
     lavada com litros de mistificação.
     Pras minhas olheiras caídas
     gritando resignação
vivaz
     de que eu vou ser sempre assim
     do meu cinismo sem fim.


     Nunca a lâmina foi tão atraente
     nunca meu corpo foi tão conivente,
     com a sua vontade de mim.
     Quero sim.
     Quero fechar os olhos e ao abri-los
     não reconhecer nada
agnósia
     minhas mentiras lavadas
impulso
     minhas histórias contadas
avulso


     Não reparem no meu cansaço
     e nem digam que não vou aguentar.
     Eu me aguento. Sustento minhas ambições omitidas e cometidas
mas é segredo.
     Descoberto.
    o meu degredo
     Aberto
     agora sem saída
    
     E nunca a lâmina foi tão atraente.


     Me esquecendo da pessoa que deixo de ser ao seu lado
     pensaria em como seria fácil ser sempre assim
     Me entrometendo na vida do acaso
     pensaria e  como seria fácil agir com descaso
     e não me preocupar se ele vai ou não agir, se vai ou não me ferir,
     como o fez, como o faz, como sei que o fará.


     Com esse céu nublado anual
     vejo que as coisas não mudam.
     Ajo como se vocês me ligassem
me desnudam.


     Com esse céu fosco
     em carne viva
     me dói cada gota fértil
     me arde cada poro estéril.


     Me sinto percorer um meandro vazio.
     Um fio tênue entre tuas pernas e bocas alheias. Que querem me comer. Me acabar.


     Escondendo minha mente
     falo onde quente
     quem te esconde?
     quem te diz onde?
Quem me fez? responde
     queime meus olhos
     lâmina vil.
     Me corta e frio.