Olha pra minha idade de mentira
lavada com litros de mistificação.
Pras minhas olheiras caídas
gritando resignação
vivaz
de que eu vou ser sempre assim
do meu cinismo sem fim.
Nunca a lâmina foi tão atraente
nunca meu corpo foi tão conivente,
com a sua vontade de mim.
Quero sim.
Quero fechar os olhos e ao abri-los
não reconhecer nada
agnósia
minhas mentiras lavadas
impulso
minhas histórias contadas
avulso
Não reparem no meu cansaço
e nem digam que não vou aguentar.
Eu me aguento. Sustento minhas ambições omitidas e cometidas
mas é segredo.
Descoberto.
o meu degredo
Aberto
agora sem saída
E nunca a lâmina foi tão atraente.
Me esquecendo da pessoa que deixo de ser ao seu lado
pensaria em como seria fácil ser sempre assim
Me entrometendo na vida do acaso
pensaria e como seria fácil agir com descaso
e não me preocupar se ele vai ou não agir, se vai ou não me ferir,
como o fez, como o faz, como sei que o fará.
Com esse céu nublado anual
vejo que as coisas não mudam.
Ajo como se vocês me ligassem
me desnudam.
Com esse céu fosco
em carne viva
me dói cada gota fértil
me arde cada poro estéril.
Me sinto percorer um meandro vazio.
Um fio tênue entre tuas pernas e bocas alheias. Que querem me comer. Me acabar.
Escondendo minha mente
falo onde quente
quem te esconde?
quem te diz onde?
Quem me fez? responde
queime meus olhos
lâmina vil.
Me corta e frio.
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