sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Por partes. (como um esquartejador)

     O prólogo da minha despedida acontece enquanto relembro do cheiro das flores.
     Um cheiro mestiço.
     enquanto meu
     quebradiço
     olhar
     olha para minhas mãos me lembrando das tuas
     olha para minhas pernas me lembrando das ruas
     olha para meus olhos me lembrando das luas.
     As luas passadas
     à nuas laçadas.


     Era um lance de tudo,
     de pele muda.
     Eu mudando e você falando.

     Eu muda.
     Eu mudo.
     Eu tudando um todo vazio.
     Eu nada.ndo num nado rio.
     E eu ria.
     Você não entendia.
     Não entendia que eu era capaz de querer mais.
     Não antevia que eu era capataz
fracassada de uma sede sagaz.
     E de uma vontade fugaz.


     No meu pacote estava escrito:
     os sonhos contidos.
(mas eles não eram contados)
     E mudavam.
     E se multiplicavam.
     Mas isso era um acordo tácito
     que não foi brindado
     mas havia taças.
Um brinde a uma farça.


     Dizer que quando sinto o cheiro das flores eu tenho mais possibilidades.
     As minhas poças são lagos.
     Os meus dados têm mais lados.


     Dizer que não tenho princípios
(é uma péssima mania minha)
     o que eu não tenho é memória
     e por isso escrevo.
(faço história)
     Eu mudo sentimentos e não o passado.


     Uma força bruta
     Uma parte luta
     A minha arte
     contra
     a outra metade.
    

Um comentário:

  1. Amo esse jeito gostoso de você fazer poesia!
    Voltou a postar, fiquei feliz.

    ^^

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