sexta-feira, 27 de julho de 2012

A grama do vizinho sempre será mais verde do que a minha porque a minha é

                                                                                               


                                                                                                                           azul.

Por muito agora

O que eu preciso por hora é de algo que me inove
por hora corro por um motivo que me move




Por hora é preciso viajar, deixar de lado algumas indumentárias
talvez me abdicar de alguns supérfluos
mas não abrindo mão de preferência partidária.


Talvez seja preciso por hora que tudo volte ao normal
às antigas formas, pra marcar na retina da memória como era antes de anoitecer
de escurecer
da luz esmorecer
e de quando a manhã que vier nascer, trouxer o outro
o novo
o ovo
do canto que nasce de um corpo morto 
que mate o conforto que trazia o velho, o usado, o absorto.


Talvez seja preciso que eu seja mais meu
que minha mistura de eus, de breus e de céus
e de seus
seja deus.


O que é preciso por hora é um refúgio
dentro de mim mesma para que consiga achar o que fora já cansei de procurar
abrigo
eu fujo
eu sujo.


É preciso por hora que eu fique aqui
e que esteja aqui
não meu corpo acolá
e minha mente em algum lugar que não está.
É preciso que fique, permaneça e me despeça. 
Por hora, só por hora, eu sou de algum lugar
porque em todas as horas, de todas as horas, eu sou de todos os lugares.
Por hora só de um.
Por todas de nenhum.


Talvez até seja necessário
-e que fique bem claro que só por agora

que meu silêncio valha mais.
Enquanto assisto quieta minhas palavras gritam
 na minha língua se evaporam
no meu pensamento se enamoram.


E por hora, por muito agora
a minha Senhora Sua Audácia
seja mais bem-vinda indo embora
pois sem a glória de um passado sem história
a minha Senhora Sua Audácia
seja mais bem acolhida
se bem escondida
com codinome de Perspicácia.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Meu novo achado


Ouvir  o som dele é como tomar um isotônico, desde fácil.
É bom de ouvir.

sábado, 14 de julho de 2012

Feliz aniversário minha linda


Que esse seja o primeiro de todos que passamos juntas.
                 
                                                                                                      Amo-te.

Assoprando dentes-de-leão



quinta-feira, 12 de julho de 2012

As estrelas estão caindo...
Tem uma no meu cabelo, no meu cabelo!!

Sendo sem ir

Eu não parei. Parei. Agora. Não sei por onde começar e não sei se isso tem exatamente um começo. Não gosto de começos e não sou boa com eles, por isso começo pelo meio, estou no meio.
Até chegar para dar continuidade ao meio, me equilibro entre era e meio-fio. Foi. Um fio. Tênue.
Dessa vez o telefone não tocou, o que houve foi uma voz por debaixo do portão perguntando se não haveria toque. Retórico.
Ele me tocou primeiro, eu toquei tudo, depois. Eu não estava com pressa, só digo por mim.
Não houve brinde inicial, o café foi direto. Quente e doce, o meu. Quente e amargo, o dele. O açúcar na mesa. Derramado, na mesa. Aquela era eu: em pétalas, em caule, em espinhos, em miolo. Miolo ele. No meio. No meu miolo ele. Ele ele.
Almofadas, alguns bravejos charmosos e brincadeiras à parte. Prólogo.
Almofadas fizeram o (col)chão. Deitada em campo de flores como o prometido. Tido. Tinha. Não mais. Era. É.
Nos recusamos a dizer palavra. Não exitamos em fazer palavra.
Então era isso? Não, não era. Era é final, sou meio. Nós somos. Na verdade era só eu ou só ele. Me confundi. Estávamos confusos e infusos. Era só eu ou só ele. Eu era ele. Ele era em mim. Eu era eu quando era nele. Nesse meio mais nada fazia lógica, tudo formigava. Órbitas sem eixo. Eu me deixo e ele pega, então eu pegava. E fica assim, inacabado e aberto, pois sou incapaz de colocar ponto final onde não há nem virgula
Às vezes parece que estou prestes a ser engolida por qualquer coisa maior do que eu.

Como havia dito

    As nossas brigas compradas, só pra você não dizer que amava.
    Eu,
nem ligava.

  Você se declarando
  Felicidade às três da tarde
 
  Eu via a cidade, pensando:
como o amor arde.

  Pensava em você
duvidando
   quem teria sido mais covarde.

  O céu despencando no meio-fio
  Eu sozinha olhando as luzes se acendendo
  Sem reparar que tudo já tinha mudado
  Pensei se alguém tinha reparado
  Menos nós.

  Eu não, nem você
  Mas "a gente" sempre seria igual.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Bela vista



Eu tenho um problema sério com você.


Na verdade o problema é comigo e se torna uma solução pra você. O fato de eu não me importar nos ajudou. O fato de você começar a se importar também.


Nem sei se somos pessoas diferentes do que éramos. Fico repassando tudo o que aconteceu e acho que teria feito de novo. Será que essa é a prova de que ainda sou a mesma? 
 Você é azul marinho e branco. Naquela época diria que também te via com umas gotas amarelas. Mas quando estou longe de você o amarelo some e só sobra um azul profundo com uma metade branca. O amarelo se foi e nem sei se alguma vez esteve.


A sua cara de doce no meio da semana agora é nova pra mim. E quer saber? Nem me surpreendi. O pior é que te vi duas vezes desde então e esqueci de pedir pra você se cuidar. Será que teria me ouvido? Eu e os meus pedidos, que não sei até hoje se realmente são altruístas ou só os despejo sobre você como garoa fina e sutil pra me sentir melhor. Parecer que realmente me importo.  Mas eu os faço sempre esperando que os leve em consideração.


O céu era Suzana. E eu só vejo o céu Suzana aqui, em Jundiaí. Não sabia disso, só descobri  quando fui morar fora de casa: que as outras cidades têm céus diferentes, com nomes diferentes. Nunca vi o céu Suzana em Niterói. Infelizmente nem espero ver.


É incrível como consigo me sentir à vontade. E quando digo isso quero dizer solta suficiente pra me esbarrar em tudo, voltar a fazer coisas que não fazia, te levar pra comprar coisas de mulher e te contar memórias de infância. 


E se tivéssemos dado certo, como seria? 


 Difícil, pensei.


-Divertido, foi o que saiu.


-Caótico, você disse. 


Eu não leio pensamentos terças à tarde. Mas acho que o que passou pela sua cabeça foi caos mesmo.


E quando você disse que ia me ver, o comentário que rolou foi: a Pocahontas ainda?
Mas acho que é de novo. De novo e ainda.


O que eu faço é rir, aquela risada gostosa. Por não esquecer e ver que você também não. Por ainda rirmos juntos e ouvir as mesmas músicas que você nem consegue descrever. Por sentir que não vamos soltar tão cedo porque não há mais motivos pra isso. 


Minha melhor qualidade é não terminar as coisas, e isso inclui possibilidades.
Meu pior defeito é não terminar as coisas, e isso inclui todos os meus pontos sem nó.


A gente ria e soltava fumaça pelo nariz enquanto tragava a cidade. 

Niterói


Jurujuba - Niterói
Estava assim um tanto longe
Nenhuma distância continental
Mas sempre pensei que o que define a distância é a frequência
Entre a eloquência de corpos
Entre a sequência de posições
Que me faz destilar pedaços de ausência.
A minha vontade era de correr demais ao invés de sofrer demais.
O frio externo que carrega da minha pele o teu cheiro é parecido com o frio que você sentia a 27º.


Todas as minhas lembranças mais marcantes são marcadas por ausência de cronologia
Por ausência de fatos
Por excesso de tatos.
Sempre tem praia
E lua
E eu na tua.
Você corria demais e eu te pedia pra ir mais devagar
Pra eu poder cantar
Uououuuuuuu chalalala...
Eu nem fazia mais questão de segurar minha boca
O meu verbo corria, meu corpo não mentia e meu sorriso sorria.
As vozes de violões
As rodas velozes
As vontades atrozes


Lembrando de tudo em flashes e com alguns blackouts eu estava na água.
A coisa mais divertida era ver você passando vontade de madrugada enquanto eu mergulhada no sal e sofrendo horrores de uma risada vadia te convidava a entrar.
Tudo era tão irresistível e eu tremia de frio.
Eu ria de tudo.
Eu via mundo e tudo rodava demais
Me gustas la mar me gustas tu
Me gustas volver me gustas tu
Me gustas la noche.
Tu me gusta.
Vejo sua roupa caída no chão.
Eu te desafiei.
Estávamos infusos no sal, porque eu sempre gostei das coisas bem temperadas.
Sempre gostei do gosto das madrugadas
Das coisas arrebatadas
Das vontades decotadas
De repente te pergunto onde está o resto da minha roupa que sobrou e você me diz que está na sua mão.
Muitos blackouts
A plateia gritava 
E eu respondia beijando mesmo.
Naquela noite pelo menos três motoristas de ônibus ficaram conhecendo minhas manchas de nascença. 
Naquela noite pelo menos duas pessoas confirmaram que eu era maluca
Uma já tinha essa crença.


O mundo vai começar a clarear
E eu preciso lembrar que tenho uma vida fora daquele mar
Preciso lembrar que minhas roupas estão em frações. 
1/3 com você
2/3 na areia


Eu saio da água com sal e sangue. 
Agora tudo doi
Tudo faz frio.
A gente volta pra casa molhado de sol
Assistindo arrebol
Achando tudo descalço e maravilhoso


Não era pra eu me lembrar de nada
Da minha dignidade afogada
Mas os meus hematomas e sua camiseta manchada de sangue ficam caso falhe a memória
Do sal que entrou em todos os lugares
E da areia no ralo do chuveiro pra contar história.

domingo, 15 de abril de 2012

O beijo

  Ele colocava a língua de leve
  na minha boca
  eu de pensamentos roucos
  de cataventos poucos
  enquanto ventavam
  tateava a fineza de alma

  algo tão leve
  assoprando dentes-de-leão
  de uma sensibilidade etérea
  de um contato pétala
  um com contato de pegá-la
  com cuidado
  até com certa tristeza
  de perturbar tal languidez.


  Até pronunciar quase doi
  num simbolismo pincelada
  de uma boca semi-cerrada
  um raro
  raro
  raro
  semi-triz.


  Penteando pensamentos
  algumas frases ficavam na sua mão
  tanto
  tanto
  tanto caro
  eu ficava sussurrando 
  vaga-lume em torno
  brisas de mornas
  ideias sem contorno.


  Vontades sonâmbulas
  uma verdade sonolenta
  lenta
  lenta
  lenta
  que te tira da cama
  e te faz fechar os olhos
  pra tatear onde mais sente
  pra tentar solver
  a vontade que mais quente.


  Um suspiro calmo
  de tato feno
  quase felino
  me acalma
  teu sereno de estrelas
  me mostra um céu cravado
  de brigadeiro.


  Teu som ameno
  da delicadeza quase extremo
  panaceia do céu expremo
  lágrimas de nuvem.


  Me acalma
  nina minhas vontades sonâmbulas
  que meninas trêmulas
  se desmancham
  em pétalas de lírios
  colírios pra mim
  delírios de mim.
  (dê lírios pra mim)



  Dança
  dança
  dança
  enquanto experimento temperança
  desfaço minha trança
  te laço
  enveredando
  sem esperança de te livrar dos meus nós
  do teu nosso
  da nossa dança
  dança
  dança.


  Um dissabor
  dissecando almas
  coletar essências
  sentir à fria palma
  uma frieza
  pura
  pura
  pura
  capto tal candura
  e te devolvo aos poucos
  com cuidado
  claro
  claro
  claro
  pra que eu possa ver tudo
  e sentir mundo
  e tocar muda
  tuas pequenas mudanças.


  Silêncio melancólico
  de cores
  tons pastel
  um misto
  (quente)
  de pele de papelão
  e textura de algodão
  de tela pintada a óleo
  feita à mão.


  E se
  se te desnudo

  livre de escudos
  te sinto tão
  frágil ao punhal
  tão
  tão
  tão
  livre de espinhos
  quase sacra ferida
  que até meu beijo pode ser fatal.
  
  Estanco ferida
  como
  tranco gaveta
  fecho
  fecho
  fecho
  para que ao final
  no desfecho
  tuas cicatrizes
  não sejam capazes de dizer
  mais do que um trecho
  
  Um mantra
  de manhã
  é como se fazer com palavras
  um talismã
  rezo
  rezo
  rezo
  e peço para que nosso meio
  aconteça sem freio


  Te digo
  que meus milagres
  com gosto de mil acres
  são tão em carne viva
  quanto os meus sonhos
  que meus vinagres
  tão vinho acre
  são tão ou mais marcantes
  que massacres.
  Digo
  digo
  digo
  que me inebrio com pouco
  que me arrepio sem ter ópio
  que desmaio com um soco.
  
  Penso em mãos tuas
  frágeis como pequenas luas
  que me molham de luz
  luz
  luz
  que de olhos fechados 
  me sinto onisciente
  em ti tão presente
  na maciez do teu desejo
  mais pertinente.


  E ele tirava a língua de leve
  da minha boca
 
  Eu verificava

  quanto de mim
  estava nele
  e quanto de mim
  agora era ele.



  De um contato mais que pétala.
  Mais que sépala.  

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Eparrei!

     Foi uma eparrei mia'mãe!
     um batuque meio pesado

     meio estilo olodum
     um surdo meio calado
     em qualquer móvel de madeira fazia tum

     E que malemolência era aquela
     que me tomava de arrebol
     molhado a sol.
     Era o nascer do pôr

     um começar por parte alguma
     o que começa sempre com mais uma.

     Uma percussão
     pegando nas minhas cadeiras

     numa cadência meio decadente
     te enchendo de meias besteiras

     uma tulipa que me bebia de verdades
     quase com brutalidade.

     Já nem era mais vinho.
     Era outro fermentado.

     Aquela loira gelada, de quadril ágil.
     Mas uma preta quente sempre me deixa arrepiada. Uma preta nada dócil, daquelas bem difíceis, tinhosas. Cheias de manias, cheias de cachos, cheirando a cardamomo, de sorriso fácil.
     

     Eu quero uma manha quente.
     Numa manhã caliente.
     Com sorriso de maconha somente.
     Teus casos com cheiros amantes.
     Teus maços de bitucas fumegantes.
     Teus machos de bocas incessantes .

     E no meio da roda
     aquela que rola prosa, verso e rosa
     a morena fez que viu
     a dengosa fez psiu
     eu fui a pleno desvario
     fiz 
que
     fiz
     Numa dança charmosa
     eu e a Rosa
     sem verso nem prosa
     com tulipa cheia de loira
     com o corpo cheio de lira
     dançamos feito pomba-gira.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

D.ex.caso

Eu não atendo se você não ligar.
E ficou muito bem assim,

                                                  até desligar.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rodando

R                                             O              TRI
   O              O   E N T R E   S   N S              S      AS  CO                      
     D        D                                     DE  E                    L                                                 

        A N                                                                        O                            
                                                                                          R                           
                                                                                            IDAS           

ATÉ  AS ESTRIAS
                                       JÁ FRIAS
                                                             
QUASE
                                         Q     N
                                           UE    TES                                                                      

Ralho

Medo de espantalho
Meus gargalhos
risos de frangalhos
risco de acabar
- no gargalo

Amedeixa

Minhas rimas:
uma ameixa
a
outra
me deixa.
E foi.

Fi.ca.indo, fui caindo.

Assi foi
e tal qual
fiquei.
Voltou
e eu
fui.
Tal qual ficou.

Tremilítrofe.

Trêmulas
mãos tuas
frêmito 
nós duas.

AU

Limiar

trico(^)
lilatir

dio

Dú.vida

Lindeza
da
vida
Frieza
du
vido

sábado, 6 de agosto de 2011

  Parece que estou pisando em areia movediça, e quanto mais rápido eu penso, afundo mais. Quanto mais fortes as lembranças, quanto mais impulsos nervosos, mais sinapses.
  Minhas mãos agarram meus cabelos arrancando suplícios de letargia. Tudo está me deixando- minha consciência, minha cirrose, minha cerveja, meu cigarro, minha depressão.
  Sinto que se você não me agarrar e não estuprar minha vontade de algodão com sua língua de foice eu posso perder o limiar da coragem.
  Estou ficando louca.
  Me agarra, me esquarteje aos poucos enquanto minha mente grita para não abandonar meu corpo.
  Lasce minha sanidade bem forte com arame farpado pra que ela sangre, jorre um vermelho desmaiado, enquanto meu corpo cai no asfalto, se atropela com ônibus, carros e verdades. As verdades sempre passaram por cima de mim, as mentiras eram velhinhas caridosas, me sorriam tão quentinhas!
  Por que agora que tudo rui, meu coração pulsa tão forte um sangue que não é meu? Por que pulsa o teu éter nas minhas veias? Mas mesmo com o éter eu afundo. Já sinto a areia na minha memória recente, não consigo mais me lembrar em que momento deixe de te amar.
  Me estupre logo, não vê que está ficando tarde demais pra você me fazer sofrer? Junto com sua língua/foice que ceifa minha boca que corta meu verbo, use seus olhos como copos para beber aquele céu Perséfone e despejar sobre minha sanidade aquele vermelho-fim-de-mundo.
  Não vê que está ficando tarde?
  Estou quase me perdendo... pode me ajudar a procurar minha sanidade? Eu poderia jurar que tinha visto um pedaço embaixo do sofá semana passada. Também tinha um resto no canto da sua boca (quando você me estuprou com sua língua/foice) mas quando fui pegar você engoliu e sobrou um pouco embaixo da minha unha. Eu tentei puxar, mas fui muito fundo e quando vi pensei que fosse um intestino mas eram só seus fetiches sendo digeridos. Tinha batom vermelho e uma camisinha usada. Mas ainda estou procurando. Você tem certeza de que não viu em lugar algum?
  Ah, estou sentindo! A areia está invadindo minhas memórias infantis. Mas pureza infantil... que utopia em tempos hoje-em-diais. Esqueci o meu lúdico.
  A última coisa...
  Eu estava num bar, fumando minha virgindade e guardando as cinzas com cuidado pra fazer um chá quando chegasse em casa. Um chá virginal, seria panacéia? Teria eu descoberto a cura para todos os problemas existenciais causado pelo auto-estupro de minhas vontades luxuriantes e por que não dizer orgásticas? Me disseram que você não pode apagar um incêndio com um isqueiro, embora eu já tenha saído de uma briga com um soco - confesso que foi um soco bem dado.
  Mas deixe isso pra lá, quem precisa de sanidade quando se está morrendo? Mas há tempos que não estou viva, então o que a areia está a afogar?
(...)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Carta de amor

  Pensando bem, acho que meus passos nunca foram leves.
  Eu não era sutil e surtia efeito (era um defeito) mas eu comecei a gostar, e a mudança pra ser insustentávelmente leve me é tão atraente que comecei do jeito errado e mais difícil: eu tentei começar pelas pessoas, tentando não me arrebatar. Depois pela carne: tentando não matar.
  Eu nem percebo que morro aos poucos pois estou perdendo algo a todo instante: as parte de você, que eu já nem lembrava que estavam em mim porque também era eu. Agora eu me perco te perdendo paulatinamente.
  Eu tirei você dos meus braços, tentei tirar você da minha mente e agora você se retira da minha vida.
  Você sempre foi mais completo do que eu (muito mais problemático, confesso), mas muito mais completo.
  O meu esporte no começo era mudar você e depois que você seguiu todas as minhas exigências protocoladas, vimos que quem precisava das mudanças era eu, bem mais que você. O seu amor cego me amava tanto que ele conseguia sorrir e eceitar todas as minhas navalhas afiadas que cravavam na sua pele sempre que você me abraçava, e ainda que chorando dizia que não me soltaria nunca porque voce também amava as minhas navalhas, eu é que não amava os seus espinhos. E por isso aleijei você, deixei você o mais dócil possível, tão domesticado! 
  E o meu último pedido foi na verdade uma afirmação: eu não te amo mais.
  Te deixa mais confuso quando digo qual é a parte desse amor que morreu: era a parte carnal. Mas como explicar a minha reação contraditória às minhas palavras toda vez que você me tocava? Te enlouquece saber e me mata sentir que o amor que sinto é algo transcendental. A que? A mim mesma. Ele me assuta tanto que até te deixo ir, pra você ser feliz longe de mim, porque amar assim é sacrilégio. Você chama de privilégio.

Medíocre e cruelmente, eu te amo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Derradeiro

Enquanto você se agarra
em meus seios
em meus apelos
em meus meios
em meus pêlos
de dizer que não amo mais.

Sobre meus anseios
por cima de minhas ânsias
dentro de minhas inconstâncias
puxando minhas ancas

pra mais perto de você.

Pelos meus cabelos
pêlos meus cabelos de pelos
que pêlos meus apelos te
enredam enveredam
envenenam

pelos meios apelos
contracenam
meus seios contra seus meios
dialogam
meus fins contra seua anseios
monologam
os seus apelos.

Que sua sua chuva me mova
e minha curva se morra.
Minha sede se evapora.
As cores se enamoram só pra ter a mesma tristeza de meu sal incolor.
O amor é uma dor disfarçado de felicidade.

Os meus fios escorregadios
escorrendo fins de chuva.

Você ainda segurando minhas medeixas
e eu suss.urrando
ME DEIXE

eu ainda soletrando o vazio
surda às suas queixas.

Começando pr acabar.

Numa batida charmosa
deixe que eu te guie

angulosa.

O meu quadril vai no ritmo
do teu samba
do meu bamba
da nossa prosa.

No calor do funk
como le gusta.
Me gusta.
Te gusta?
Me custa muito caro me manter parada.

Me arranque a língua
badulaque à míngua
minguando a noite inteira
a metade um balde
a inteira metade
a meneira de falsa verdade.

Agora meu quadril vai no ritmo da tua manha
da tua maconha
até de manhã.
E depois de amanhecer eu aconteço e me despeço de um quase nosso começo sem verbo.

No meu paralelísmo labiríntico
eu te seduzo
-com meu verbalismo
eu te conduzo:
à minha boca
à minha louca

à minha rouca
vontade de te acabar
até que eu não me sobre.
Até que meu ouro vire cobre
até que uma esquina me dobre.

Porque sou evaziva
tente me pegar
eu me esquivo
eu me resquício
e me esqueço de ser sua.

Porque eu sou índia
pele vermelha
tato quente
aquela coisa envolvente.
Pele de terra
olhos escuros.
Eu me desmancho com o vento
me visto de relento
não me calo e alento.


Porque eu sou medusa
me usa
que eu te recuso
me abusa
enquanto você intruso.
Aproveite que ainda não olhei pra você, pois quando o fizer, paralizo
extatizo.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

!

Colorindo e colorando
me divertindo enquanto coro
(de vergonha)
os meu nado rio
meus desvarios.

Em minhas tardes de brisa
a minha mi.Ra.IMA.gem
os meus cortes
os meus desavessos num (uni)verso de prosa.
(um pouco pretensiosa)

(sem muito sentido)
O meu segredo é apenas estético.
Poesia é palavrão. Um vômito rápido, escapau, foi. Fodeu!
Doeu?

segunda-feira, 28 de março de 2011

A sols

E como um laço
eu me despeço
do meu nó
do meu nós
do teu nosso.

Por( )que os meus eus têm que ser teus(?)
e ai
como queria um poço
um fosso
pra despejar de meu rosto a tua imagem.

e ai,
como conseguiria me sentir musa
se exclusa de meu universo
eu era ainda mais confusa?

deixe
que minha música eu musico  a sol
e eu serei minha musa
solo.
bemol.

domingo, 20 de março de 2011

Vai entender...

Tem gente que gosta de apanhar.
Tem gente que gosta de jiló.


e tem gente que gosta de matemática...

sexta-feira, 4 de março de 2011

veludando

     É o meu eu velado
     meu eu veludo
     meu teu sagrado
     teu cisne sangrando
     minha cisma regrada

- nossa sina rogada.

     Numa grama mais verde
     a do meu vizinho é zul

     Tua floresta é bambu
      minha floresta és tu.

     Uma coisa é certa

     Em fase discreta
     na minha porta berta
     a minha chave é segredo
     teu olho é meu medo
     teu tato e teu dedo
     tua voz e enredo
     me deixa fraca
     me desacata
     me destaca do meu universo
     e me faz em verso
     e me rima em prova
     e me diz a rosa
     que nem ela e nem tu
     são capazes de dizer
     onde é que se esconde
     o caroço desse angu. 

14 olham pra mim

gracinhas com mingau ¬¬'
obrigada Fê

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Caraminholando

Ai de mim.
Quando caraminhola.
Toda caraminholuda.

Ainda sou tudo.
Mas saudades de quando me sentia tudo.

Divorciada de minhas ideias.
Elas querem me tocar de leve, sentir-me quente, querendo ser sentidas frias. Se aproximam devagar, mexem no meu cabelo, me caraminholam e eu as nego.
VEEMENTEMENTE
As nego pois não as quero agora. E se elas me tocarem eu esqueço que as estou negando.



(estou a desejar ardentemente)
que me penetrem as e.s.ntranhas de maneira sensual e saigrosa. Que pire meu útero e me faça parir uma dentadura ou uma outra boca. Que mastigue, devore e cuspa palavras que não consigo proferir agora.

                               Parada nunca corri tanto
                               Alada sempre parei canto

e meu cabelo nunca foi tão embaraçado
- culpa das minhas caraminholas
                                         todas caraminholudas.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

     Não gosto e não posto nada que não seja de minha autoria. Porém, esse trecho que vou postar agora merece ser colocado em território alheio (não que os outros não o sejam).

                                                                                                                             Sem mais.


"Estas palavras não são minhas. Talvez pertençam a outros, mais nobres, mais loucos, mais livres do que eu. Tento dominá-las, mas elas têm vida própria. Tento poli-las, mas elas têm forma bruta. Por fim, vencida, tento agarrá-las e me desespero se fogem de mim. Se são frágeis eu as desprezo, se não têm sentido elas me exasperam e se não são belas eu as odeio. Mas não adianta. Elas me governam."

                                                                   Heloísa Seixas, Pente de Vênus.

Diálogo com meu irmão

- Quer água com gás?

- Ah... não. Ela é meio sem graça, e tem gosto de nada.

- Mas você queria tomar ela e ficar dando risada?

- O que?

- Você disse que ela é sem graça.

-Putz... você anda engraçadinho ultimamente né?

- É que eu estou tomando água com gás.

(¬¬)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Vida de filha única

é uma droga.



Por ele eu pagaria todos os micos do mundo.




(cara inchada e nutella, domingos de manhã)

sábado, 15 de janeiro de 2011

A mulher invisível

     E seria noite.
     Sua alma morna, resignada.

     Caminharia até os pés sangrarem
     até o chão esfriar
     até a alma acalmar.

     Sua resignação era pela busca.
     Uma busca tosca
     pois em vão.
     Um vão profundo na memória.

Não se lembra de nada antes dela

     Ela sempre esteve lá.
     Viera de onde?
     Partira de quando?

     Suas cores já confusas
     os cheiros foscos
     o tato amargo
    
     A busca um fardo.

     Mas o que poderia ele fazer? Contra aquela que chegara sem permissão, permanecia sem ficar e ia embora pra voltar?

     E sangrariam seus pés.
     E cegaria sua boca. Pois eram palavras cegas. 
     Sua língua era só barulho, suas palavras entulho, sua mente um mergulho.

     E seria dia tal.
     Tal dia chegaria.
     Mas não partiria da vontade dele.
ele era um objeto
     Dela, ele era um trajeto.
     Dele, ela era uma traição.

     Uma traição do natural
     daquilo tudo que conhecia como real.
     Ela era coisa e tal
(certas vezes puro mal)
     porque ela era uma traição.

     Quando o destino se enamora da voluptuosa vontade sem paixão, surgem ébrias traições contra Quem.
     Surgem sérias contradições sem nem.

     Mas o que poderia ele fazer?
     Senão procurar em cada vão de memória, em cada éter onírico, em cada vontade calada, em cada unha quebrada uma maneira de encontrá-la por sua própria vontade?

     Não era bem uma obcessão.
     Ela não era o objeto da sua.
     O que ele queria era provar para quem devesse ser provado que a sua vontade também manipulava.
     E esse "quem" também incluia ele próprio.

(continua)