quarta-feira, 11 de julho de 2012

Niterói


Jurujuba - Niterói
Estava assim um tanto longe
Nenhuma distância continental
Mas sempre pensei que o que define a distância é a frequência
Entre a eloquência de corpos
Entre a sequência de posições
Que me faz destilar pedaços de ausência.
A minha vontade era de correr demais ao invés de sofrer demais.
O frio externo que carrega da minha pele o teu cheiro é parecido com o frio que você sentia a 27º.


Todas as minhas lembranças mais marcantes são marcadas por ausência de cronologia
Por ausência de fatos
Por excesso de tatos.
Sempre tem praia
E lua
E eu na tua.
Você corria demais e eu te pedia pra ir mais devagar
Pra eu poder cantar
Uououuuuuuu chalalala...
Eu nem fazia mais questão de segurar minha boca
O meu verbo corria, meu corpo não mentia e meu sorriso sorria.
As vozes de violões
As rodas velozes
As vontades atrozes


Lembrando de tudo em flashes e com alguns blackouts eu estava na água.
A coisa mais divertida era ver você passando vontade de madrugada enquanto eu mergulhada no sal e sofrendo horrores de uma risada vadia te convidava a entrar.
Tudo era tão irresistível e eu tremia de frio.
Eu ria de tudo.
Eu via mundo e tudo rodava demais
Me gustas la mar me gustas tu
Me gustas volver me gustas tu
Me gustas la noche.
Tu me gusta.
Vejo sua roupa caída no chão.
Eu te desafiei.
Estávamos infusos no sal, porque eu sempre gostei das coisas bem temperadas.
Sempre gostei do gosto das madrugadas
Das coisas arrebatadas
Das vontades decotadas
De repente te pergunto onde está o resto da minha roupa que sobrou e você me diz que está na sua mão.
Muitos blackouts
A plateia gritava 
E eu respondia beijando mesmo.
Naquela noite pelo menos três motoristas de ônibus ficaram conhecendo minhas manchas de nascença. 
Naquela noite pelo menos duas pessoas confirmaram que eu era maluca
Uma já tinha essa crença.


O mundo vai começar a clarear
E eu preciso lembrar que tenho uma vida fora daquele mar
Preciso lembrar que minhas roupas estão em frações. 
1/3 com você
2/3 na areia


Eu saio da água com sal e sangue. 
Agora tudo doi
Tudo faz frio.
A gente volta pra casa molhado de sol
Assistindo arrebol
Achando tudo descalço e maravilhoso


Não era pra eu me lembrar de nada
Da minha dignidade afogada
Mas os meus hematomas e sua camiseta manchada de sangue ficam caso falhe a memória
Do sal que entrou em todos os lugares
E da areia no ralo do chuveiro pra contar história.

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