Eu tenho um problema sério com você.
Na verdade o problema é comigo e se torna uma solução pra você. O fato de eu não me importar nos ajudou. O fato de você começar a se importar também.
Nem sei se somos pessoas diferentes do que éramos. Fico repassando tudo o que aconteceu e acho que teria feito de novo. Será que essa é a prova de que ainda sou a mesma?
Você é azul marinho e branco. Naquela época diria que também te via com umas gotas amarelas. Mas quando estou longe de você o amarelo some e só sobra um azul profundo com uma metade branca. O amarelo se foi e nem sei se alguma vez esteve.
A sua cara de doce no meio da semana agora é nova pra mim. E quer saber? Nem me surpreendi. O pior é que te vi duas vezes desde então e esqueci de pedir pra você se cuidar. Será que teria me ouvido? Eu e os meus pedidos, que não sei até hoje se realmente são altruístas ou só os despejo sobre você como garoa fina e sutil pra me sentir melhor. Parecer que realmente me importo. Mas eu os faço sempre esperando que os leve em consideração.
O céu era Suzana. E eu só vejo o céu Suzana aqui, em Jundiaí. Não sabia disso, só descobri quando fui morar fora de casa: que as outras cidades têm céus diferentes, com nomes diferentes. Nunca vi o céu Suzana em Niterói. Infelizmente nem espero ver.
É incrível como consigo me sentir à vontade. E quando digo isso quero dizer solta suficiente pra me esbarrar em tudo, voltar a fazer coisas que não fazia, te levar pra comprar coisas de mulher e te contar memórias de infância.
E se tivéssemos dado certo, como seria?
Difícil, pensei.
-Divertido, foi o que saiu.
-Caótico, você disse.
Eu não leio pensamentos terças à tarde. Mas acho que o que passou pela sua cabeça foi caos mesmo.
E quando você disse que ia me ver, o comentário que rolou foi: a Pocahontas ainda?
Mas acho que é de novo. De novo e ainda.
O que eu faço é rir, aquela risada gostosa. Por não esquecer e ver que você também não. Por ainda rirmos juntos e ouvir as mesmas músicas que você nem consegue descrever. Por sentir que não vamos soltar tão cedo porque não há mais motivos pra isso.
Minha melhor qualidade é não terminar as coisas, e isso inclui possibilidades.
Meu pior defeito é não terminar as coisas, e isso inclui todos os meus pontos sem nó.
A gente ria e soltava fumaça pelo nariz enquanto tragava a cidade.
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