À espera de qualquer coisa
que me dê força
ou me palpite.
Penso lá dentro
e aqui fora tento
me impessoalizar
me imposibilitar
de algo que me irrite.
E aqui fora dentro
tento não me quebrar
tento não me estatizar,
por isso calada.
Não me comprem.
Ainda não estou à venda.
quarta-feira, 24 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Outras frequências
Numa praça.
Céu azul absurdo.
- O que você tá fazendo?
Ela olha pra cima com olhos apertados por causa do sol.
- Brincando.
- Brincando de quê?- De fazer nuvens desaparecerem.
" Ele não existe."
- Posso tentar?
- Claro.
Ele deita do lado dela.
- Como se faz?
Ela responde sem parar de olhar para o céu.
- Primeiro você escolhe uma nuvem que queira ser escolhida e começa e pensar nela com toda força. Depois ela desaparece.
"Ele é tão frágil que parece que vai sumir se o sol ficar mais forte."
"Ela é linda."
- Com qual você tá tentando?
- Com aquela ali ó.
Ela aponta para uma nuvem no meio do céu. É enorme.
- A que está do lado da sua.
Ela olha e analisa.
- Pega uma menor, é mais difícil pegar uma grande de primeira. Qua tal aquela... ali!
E aponta para um fiapo de algodão. A menor nuvem que a vista podia alcançar.
- Aquela?
- Sim.
Enquanto ele tenta, ela observa. Se dilui em tanta concentração.
- Não estou mais conseguindo fazer.
- Por que não?
- Estou cego.
sábado, 20 de março de 2010
Do que já aprimoramos.
Das suas mãos mágicas que não são videntes.
Me semeiam sorrisos bobos e uma cara tarada que não consigo esconder.
Me intermeiam promessas loucas e tara lavada que não consigo remover.
as beijo de olhos fechados,
as suas digitais palatáveis e o seu tato volátil.
Tátil.
Dos seus olhos tão limpos e sem fumaça
dos seus olhares esquivos e de pirraça
dos seus gostos esquizo(e)frêmito de carcaça.
dos esquisitos sem raça
sem quisitos
sem graça.
Dois copos e uma taça.
Dois corpos e uma traça.
uma promessa
e outra ameaça.
Mas é que seus olhos...
tatilmente diferentes. Estavam mais claros.
Em outros tempos raros.
Encontrá-los assim.
Chocolate fundido
amor confundido
entre malte e cafeína
canela e mescalina
ou só fusão
de dois termos sem reação.
A gente percorrendo
um amor destroço.
Escorrendo a sal grosso
sem decoro algum.
No rosto um esboço
já no corpo nenhum.
Eu com janelas semi-serradas
ainda deixava minha alma escorrer.
Eu toda cálida
minha mente já inválida
ainda tentando dizer
que
baby, você é como terra quente na boca de afogado.
Sua boca me tateando
suas mãos me comendo
seus nãos me oferecendo
mundo de tentações
céu de alucinações.
Minhas pernas já bambas
num mambo em outro mundo
outro mambo.
Então baby,
olha pra mim e diz.
Que eu sou sua menina
pura e cretina
objeto do seu altruísmo
a distração do seu egoísmo
sim, cretinismo.
Sincretismo.
Eu encosto no seu peito
me encaixo e deito
e sussurro o seu nome bem baixo.
Me mostra o que pensa
devora a minha crença
e só me faz acredirar no que não acho.
Agora eu tento
sem usar os sentidos
dizer que isso é exato
te beijar sem contato
só pra te provar que acima e abaixo e de todos os lados da superfície
só pra te provocar em cima e embaixo e de modos calados da mesmice
que meus sentidos e meus números não são movidos apenas por Éros.
o amor que devora, este sim me enamora
me acalenta e controla.
sexta-feira, 12 de março de 2010
Clemência
Te faço de desenho meu
faço de ti um rascunho ao céu
sonho seu?
Porque os pássaors hoje me parecem mais pesados.
O firmamento.
Um firme elemento.
Um firme instável.
Hoje minha vontade corrompe tudo
e minha briga compra o mundo.
Os raios de sol não me atingem
estou inalcansável
irradiação
no meu vácuo não se propaga
no meu céu não se apaga
no seu rascunho uma saga
Não é história, é futuro.
Não é glória, é escuro.
Não é incerto, é seguro.
não pense que é destino
nem onisciência
apenas vontade
demência.
faço de ti um rascunho ao céu
sonho seu?
Porque os pássaors hoje me parecem mais pesados.
O firmamento.
Um firme elemento.
Um firme instável.
Hoje minha vontade corrompe tudo
e minha briga compra o mundo.
Os raios de sol não me atingem
estou inalcansável
irradiação
no meu vácuo não se propaga
no meu céu não se apaga
no seu rascunho uma saga
Não é história, é futuro.
Não é glória, é escuro.
Não é incerto, é seguro.
não pense que é destino
nem onisciência
apenas vontade
demência.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Cenas
Aquele mesmo amarelo,
a essa altura você já deve saber qual é.
Aquele amarelo que enelva
e me leva
e me lava
amarelada.
Amarela e salgada.
Amarela e apaixonada.
O que me falta é você pra combinar do meu lado.
Eu que não tenho combinação
Já pensou que só você me cai bem?
Me faço tranças,
mexo comigo pra mexer com você
e você mexe com nada
e mexe comigo inteira metade
tarde toda.
Esporádico encontro
amarelo constante
contrastante
contra quase tudo
a favor de fervente.
amarelo constante
contrastante
contra quase tudo
a favor de fervente.
Sentados no palco
daquele velho drama
daquele velho teatro
onde aquela nossa historia tão enrolada
se demora tanto
em cem antos inacabados
sem atos terminados.
O meu público era só você,
meu ibope altruísta
meu ibope altruísta
num amor pessimista
de uma atriz consumista
de uma atriz consumista
que te consumia todo
e apagava todas as velas
e apagava todas as velas
e quase todas as expectativas
de uma possível chance
de um remoto futuro
que teria ao lado da pessoa da vida.
de um remoto futuro
que teria ao lado da pessoa da vida.
Desista
Ela não vai olhar
a não ser que você grite muito
por muito tempo
e bem alto.
E eu estou ouvindo
até agora...
Ágape
O meu idealismo é muito puro.
A única coisa de Eva que ainda me pertence.
Eu sou muito pura.
O meu idealismo é muito puto
Eu sou muito pu*a.
Não reconheço mais o que vejo
nem o que não vejo
Agnósia
Amnésia
Frenésia.
Eu gosto de inventar o que não beijo.
Eu gosto de acreditar no que minto.
porque eu sinto.
Eu cultivo vícios,
eu perco o início
e não tenho margem.
Alinha à esquerda
Desconexa vereda
sem margem
sou quase mira(ima)gem.
Minha agnósia
me perco em prosa
alheia
não reconheço minhas palavras
não reconheço palavras
um retrocesso a minha.
um descomeço
a linha.
As vozes não são atrás
não vêm à frente
são meu atroz
meu algoz
são minha mente.
Delinquente.
tão demente
deem a mente
dê mente
tolos inconsequentes
todos inerentes
a uma falta desmedida de cefalização
são lúcidos
são lúdicos
trans.lúcidos
arte. ficiais
expressões super.fi(a)ciais.
Testando, um, dois, três, testando...
Que o meu sangue não pulsado
já pulsando
pingue em gotas grossas
como chuva de vontade
como plavras de verdade
já pulsando
pingue em gotas grossas
como chuva de vontade
como plavras de verdade
No meio da testa.
Testando você.
É tudo mentira!
Não confira.
É tudo jorrado
asfalto teto telhado
com cheiro doce e enjoativo de fruta de ontem
um cheiro chato e impregnativo
me descontem.
É um ritmo que não sai ca cabeça.
Quase alienação
pura mistificação
decorado
de cor
acordado.
Flores na janela
é o que estranhos querem
ou um verbalismo qualquer.
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