A grama do vizinho sempre será mais verde do que a minha porque a minha é
azul.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Por muito agora
O que eu preciso por hora é de algo que me inove
por hora corro por um motivo que me move
Por hora é preciso viajar, deixar de lado algumas indumentárias
talvez me abdicar de alguns supérfluos
mas não abrindo mão de preferência partidária.
Talvez seja preciso por hora que tudo volte ao normal
às antigas formas, pra marcar na retina da memória como era antes de anoitecer
de escurecer
da luz esmorecer
e de quando a manhã que vier nascer, trouxer o outro
o novo
o ovo
do canto que nasce de um corpo morto
que mate o conforto que trazia o velho, o usado, o absorto.
Talvez seja preciso que eu seja mais meu
que minha mistura de eus, de breus e de céus
e de seus
seja deus.
O que é preciso por hora é um refúgio
dentro de mim mesma para que consiga achar o que fora já cansei de procurar
abrigo
eu fujo
eu sujo.
É preciso por hora que eu fique aqui
e que esteja aqui
não meu corpo acolá
e minha mente em algum lugar que não está.
É preciso que fique, permaneça e me despeça.
Por hora, só por hora, eu sou de algum lugar
porque em todas as horas, de todas as horas, eu sou de todos os lugares.
Por hora só de um.
Por todas de nenhum.
Talvez até seja necessário
-e que fique bem claro que só por agora
que meu silêncio valha mais.
Enquanto assisto quieta minhas palavras gritam
na minha língua se evaporam
no meu pensamento se enamoram.
E por hora, por muito agora
a minha Senhora Sua Audácia
seja mais bem-vinda indo embora
pois sem a glória de um passado sem história
a minha Senhora Sua Audácia
seja mais bem acolhida
se bem escondida
com codinome de Perspicácia.
por hora corro por um motivo que me move
Por hora é preciso viajar, deixar de lado algumas indumentárias
talvez me abdicar de alguns supérfluos
mas não abrindo mão de preferência partidária.
Talvez seja preciso por hora que tudo volte ao normal
às antigas formas, pra marcar na retina da memória como era antes de anoitecer
de escurecer
da luz esmorecer
e de quando a manhã que vier nascer, trouxer o outro
o novo
o ovo
do canto que nasce de um corpo morto
que mate o conforto que trazia o velho, o usado, o absorto.
Talvez seja preciso que eu seja mais meu
que minha mistura de eus, de breus e de céus
e de seus
seja deus.
O que é preciso por hora é um refúgio
dentro de mim mesma para que consiga achar o que fora já cansei de procurar
abrigo
eu fujo
eu sujo.
É preciso por hora que eu fique aqui
e que esteja aqui
não meu corpo acolá
e minha mente em algum lugar que não está.
É preciso que fique, permaneça e me despeça.
Por hora, só por hora, eu sou de algum lugar
porque em todas as horas, de todas as horas, eu sou de todos os lugares.
Por hora só de um.
Por todas de nenhum.
Talvez até seja necessário
-e que fique bem claro que só por agora
que meu silêncio valha mais.
Enquanto assisto quieta minhas palavras gritam
na minha língua se evaporam
no meu pensamento se enamoram.
E por hora, por muito agora
a minha Senhora Sua Audácia
seja mais bem-vinda indo embora
pois sem a glória de um passado sem história
a minha Senhora Sua Audácia
seja mais bem acolhida
se bem escondida
com codinome de Perspicácia.
terça-feira, 24 de julho de 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
sábado, 14 de julho de 2012
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Sendo sem ir
Eu não parei. Parei. Agora. Não sei por onde começar e não sei se isso tem exatamente um começo. Não gosto de começos e não sou boa com eles, por isso começo pelo meio, estou no meio.
Até chegar para dar continuidade ao meio, me equilibro entre era e meio-fio. Foi. Um fio. Tênue.
Dessa vez o telefone não tocou, o que houve foi uma voz por debaixo do portão perguntando se não haveria toque. Retórico.
Ele me tocou primeiro, eu toquei tudo, depois. Eu não estava com pressa, só digo por mim.
Não houve brinde inicial, o café foi direto. Quente e doce, o meu. Quente e amargo, o dele. O açúcar na mesa. Derramado, na mesa. Aquela era eu: em pétalas, em caule, em espinhos, em miolo. Miolo ele. No meio. No meu miolo ele. Ele ele.
Almofadas, alguns bravejos charmosos e brincadeiras à parte. Prólogo.
Almofadas fizeram o (col)chão. Deitada em campo de flores como o prometido. Tido. Tinha. Não mais. Era. É.
Nos recusamos a dizer palavra. Não exitamos em fazer palavra.
Então era isso? Não, não era. Era é final, sou meio. Nós somos. Na verdade era só eu ou só ele. Me confundi. Estávamos confusos e infusos. Era só eu ou só ele. Eu era ele. Ele era em mim. Eu era eu quando era nele. Nesse meio mais nada fazia lógica, tudo formigava. Órbitas sem eixo. Eu me deixo e ele pega, então eu pegava. E fica assim, inacabado e aberto, pois sou incapaz de colocar ponto final onde não há nem virgula
Até chegar para dar continuidade ao meio, me equilibro entre era e meio-fio. Foi. Um fio. Tênue.
Dessa vez o telefone não tocou, o que houve foi uma voz por debaixo do portão perguntando se não haveria toque. Retórico.
Ele me tocou primeiro, eu toquei tudo, depois. Eu não estava com pressa, só digo por mim.
Não houve brinde inicial, o café foi direto. Quente e doce, o meu. Quente e amargo, o dele. O açúcar na mesa. Derramado, na mesa. Aquela era eu: em pétalas, em caule, em espinhos, em miolo. Miolo ele. No meio. No meu miolo ele. Ele ele.
Almofadas, alguns bravejos charmosos e brincadeiras à parte. Prólogo.
Almofadas fizeram o (col)chão. Deitada em campo de flores como o prometido. Tido. Tinha. Não mais. Era. É.
Nos recusamos a dizer palavra. Não exitamos em fazer palavra.
Então era isso? Não, não era. Era é final, sou meio. Nós somos. Na verdade era só eu ou só ele. Me confundi. Estávamos confusos e infusos. Era só eu ou só ele. Eu era ele. Ele era em mim. Eu era eu quando era nele. Nesse meio mais nada fazia lógica, tudo formigava. Órbitas sem eixo. Eu me deixo e ele pega, então eu pegava. E fica assim, inacabado e aberto, pois sou incapaz de colocar ponto final onde não há nem virgula
Como havia dito
As nossas brigas compradas, só pra você não dizer que amava.
Eu,
nem ligava.
Você se declarando
Felicidade às três da tarde
Eu via a cidade, pensando:
como o amor arde.
Pensava em você
duvidando
quem teria sido mais covarde.
O céu despencando no meio-fio
Eu sozinha olhando as luzes se acendendo
Sem reparar que tudo já tinha mudado
Pensei se alguém tinha reparado
Menos nós.
Eu não, nem você
Mas "a gente" sempre seria igual.
Eu,
nem ligava.
Você se declarando
Felicidade às três da tarde
Eu via a cidade, pensando:
como o amor arde.
Pensava em você
duvidando
quem teria sido mais covarde.
O céu despencando no meio-fio
Eu sozinha olhando as luzes se acendendo
Sem reparar que tudo já tinha mudado
Pensei se alguém tinha reparado
Menos nós.
Eu não, nem você
Mas "a gente" sempre seria igual.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Bela vista
Eu tenho um problema sério com você.
Na verdade o problema é comigo e se torna uma solução pra você. O fato de eu não me importar nos ajudou. O fato de você começar a se importar também.
Nem sei se somos pessoas diferentes do que éramos. Fico repassando tudo o que aconteceu e acho que teria feito de novo. Será que essa é a prova de que ainda sou a mesma?
Você é azul marinho e branco. Naquela época diria que também te via com umas gotas amarelas. Mas quando estou longe de você o amarelo some e só sobra um azul profundo com uma metade branca. O amarelo se foi e nem sei se alguma vez esteve.
A sua cara de doce no meio da semana agora é nova pra mim. E quer saber? Nem me surpreendi. O pior é que te vi duas vezes desde então e esqueci de pedir pra você se cuidar. Será que teria me ouvido? Eu e os meus pedidos, que não sei até hoje se realmente são altruístas ou só os despejo sobre você como garoa fina e sutil pra me sentir melhor. Parecer que realmente me importo. Mas eu os faço sempre esperando que os leve em consideração.
O céu era Suzana. E eu só vejo o céu Suzana aqui, em Jundiaí. Não sabia disso, só descobri quando fui morar fora de casa: que as outras cidades têm céus diferentes, com nomes diferentes. Nunca vi o céu Suzana em Niterói. Infelizmente nem espero ver.
É incrível como consigo me sentir à vontade. E quando digo isso quero dizer solta suficiente pra me esbarrar em tudo, voltar a fazer coisas que não fazia, te levar pra comprar coisas de mulher e te contar memórias de infância.
E se tivéssemos dado certo, como seria?
Difícil, pensei.
-Divertido, foi o que saiu.
-Caótico, você disse.
Eu não leio pensamentos terças à tarde. Mas acho que o que passou pela sua cabeça foi caos mesmo.
E quando você disse que ia me ver, o comentário que rolou foi: a Pocahontas ainda?
Mas acho que é de novo. De novo e ainda.
O que eu faço é rir, aquela risada gostosa. Por não esquecer e ver que você também não. Por ainda rirmos juntos e ouvir as mesmas músicas que você nem consegue descrever. Por sentir que não vamos soltar tão cedo porque não há mais motivos pra isso.
Minha melhor qualidade é não terminar as coisas, e isso inclui possibilidades.
Meu pior defeito é não terminar as coisas, e isso inclui todos os meus pontos sem nó.
A gente ria e soltava fumaça pelo nariz enquanto tragava a cidade.
Niterói
Jurujuba - Niterói |
Nenhuma distância continental
Mas sempre pensei que o que define a distância é a frequência
Entre a eloquência de corpos
Entre a sequência de posições
Que me faz destilar pedaços de ausência.
A minha vontade era de correr demais ao invés de sofrer demais.
O frio externo que carrega da minha pele o teu cheiro é parecido com o frio que você sentia a 27º.
Todas as minhas lembranças mais marcantes são marcadas por ausência de cronologia
Por ausência de fatos
Por excesso de tatos.
Sempre tem praia
E lua
E eu na tua.
Você corria demais e eu te pedia pra ir mais devagar
Pra eu poder cantar
Uououuuuuuu chalalala...
Eu nem fazia mais questão de segurar minha boca
O meu verbo corria, meu corpo não mentia e meu sorriso sorria.
As vozes de violões
As rodas velozes
As vontades atrozes
Lembrando de tudo em flashes e com alguns blackouts eu estava na água.
A coisa mais divertida era ver você passando vontade de madrugada enquanto eu mergulhada no sal e sofrendo horrores de uma risada vadia te convidava a entrar.
Tudo era tão irresistível e eu tremia de frio.
Eu ria de tudo.
Eu via mundo e tudo rodava demais
Me gustas la mar me gustas tu
Me gustas volver me gustas tu
Me gustas la noche.
Tu me gusta.
Vejo sua roupa caída no chão.
Eu te desafiei.
Estávamos infusos no sal, porque eu sempre gostei das coisas bem temperadas.
Sempre gostei do gosto das madrugadas
Das coisas arrebatadas
Das vontades decotadas
De repente te pergunto onde está o resto da minha roupa que sobrou e você me diz que está na sua mão.
Muitos blackouts
A plateia gritava
E eu respondia beijando mesmo.
Naquela noite pelo menos três motoristas de ônibus ficaram conhecendo minhas manchas de nascença.
Naquela noite pelo menos duas pessoas confirmaram que eu era maluca
Uma já tinha essa crença.
O mundo vai começar a clarear
E eu preciso lembrar que tenho uma vida fora daquele mar
Preciso lembrar que minhas roupas estão em frações.
1/3 com você
2/3 na areia
Eu saio da água com sal e sangue.
Agora tudo doi
Tudo faz frio.
A gente volta pra casa molhado de sol
Assistindo arrebol
Achando tudo descalço e maravilhoso
Não era pra eu me lembrar de nada
Da minha dignidade afogada
Mas os meus hematomas e sua camiseta manchada de sangue ficam caso falhe a memória
Do sal que entrou em todos os lugares
E da areia no ralo do chuveiro pra contar história.
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