Eu achei que fosse estar lá.
Mas talvez se eu soubesse que não estaria eu iria do mesmo jeito.Mesmo sabendo que me arrependeria depois,eu teria ido.
Agora eu sei.
Porque eu fui.
Agora sei que não cheguei.Minha certeza de chegar se converteu na certeza do caminho.É nisso que me apoio.É esse o meu apoio.
Saudades daquilo.
De idealizar com certeza cega.
De desejar com veemência piegas.
De querer eternamente até não querer mais.
Saudades daquilo.
De provar o meu estranho.
De fugir do meu rebanho.
De me perder enquanto procurava.
Saudades daquilo.
De provocar o meu demente.
De tatear onde mais quente.
De instigar o mais com meu suficiente.
Saudades daquilo.
De gritar à perder decibéis.
De chorar à tonéis.
De ficar sentindo até peder o sentido.
Saudades daquilo.
De dizer aos quatro ventos.
De sentir a letargia de meus movimentos.
De deixar que tomassem conta os meus violentos.
Saudades daquilo.
De doar a minha necessidade.
De amar apenas por vaidade.
De devorar com sedenta voracidade.
Saudades daquilo.
De jurar mentiras tão acreditáveis.
De fazer discursos improváveis.
De não me importar com os irreparáveis.
Saudades daquilo.
De cometar todas as besteiras.
De dizer todas as asneiras.
De abrir todas as torneiras e me deixar escorrer.
Saudades daquilo.
De debochar de minha desgraça.
De não cumprir ameaça.
De me fazer com um nariz palhaça.
Saudades daquilo.
De dizer que amava.
De sentir que amava.
De fazer que vadiava.
Saudades daquilo.
De achar que sabia.
De superestimar minha ideologia.
De achar que tinha alguma valia.
Saudades daquilo.
Da minha antiga ignorância.
De sentir diariamente minha infância.
De prezar minha inconstância.
Saudades daquilo.
De perder a minha rima.Encontrar a palavra perfeita e gastá-la sem estrutura alguma.
É aquilo.
Outra vez.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Peneirando
Aqueles segundos a mais no relógio são terríveis;não perdoam,fazem questão de não deixar passar desapercebidas palavras que não deveriam ter sido ouvidas;que não deveriam ter sido ditas.
Quando o impulso foi um pouco mais rápido e por sorte a voz um popuco mais teimosa...
"O quê?Eu não ouvi."
Por sorte.
Os ouvidos só ouvem aquilo que convêm.
Por sorte.
Quando o impulso foi um pouco mais rápido e por sorte a voz um popuco mais teimosa...
"O quê?Eu não ouvi."
Por sorte.
Os ouvidos só ouvem aquilo que convêm.
Por sorte.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Letargia
Um turbilhão.
Sim,me parece uma boa definição.
Um turbilhão
é o estado que minha cabeça insiste em não sair.
Em ficar.
Em me deixar.
Não me deixa pensar
em sair.
Parece que o quero fazer já não é mais da minha conta
me parece
não mais
nunca foi
As lágrimas relutantes
que me rasgam quando caem
me transbordam limitações
meus limites
o que fazer?
choro ilimitadamente
corro parada
não sonho nem acordada
mas eu falo
CALADA
te causei?
Ótimo!
Reze 3/3 inteiros para suportar
os 2/3 que ainda não chegaram às minhas ações
Estou lenta e irada
a fera ferida com ferro
o mesmo ferro sendo usado pela fera
Eu fera
Você sendo
Ferida
aberta e cutucada
sábado, 14 de março de 2009
Classificando
Ainda te sinto em mim.
RESQUÍCIO
Lembro de você transbordar.
De mim.
Isso de ser proibido
nos instiga,motiva
a uma instintiva
sede de mais.
INSACIÁVEL
Essa tua cor que é meu
MEDO
e minha
VONTADE
este teus olhos
VERMELHOS
injetados de mim
cansados
FECHAM-SE
e
continuam a
OLHAR-me
Esta minha cor
que é a tua
NECESSIDADE
te molha,impregna e coagula
e nossa gula,a gula dele
a sua gula
me engole e quer mais
sou engolida pela gula
a tua gula de mais
No teu mal te trago bem
te ofereço
te mereço assim
e depois de trago outro
MAL
aquele mal à 3
nós e alguém
SEM GÊNERO
assim e mesmo assim
COM MAIS
e
COM MENOS
sem gênero
nós 3
formávamos um triangulo
escaleno
DESEQUILIBRADO
Consciência
É uma vontade mútua de fazer parte.
É uma situação mútua de quase impossibilidade.
É uma necessidade mútua de algo quente de verdade.
É a consciência de que não é real ,mas há uma probabilidade.
Não dormir te faz pensar demais.
Da consciência eu fico com beijo e o tapa temporariamente mentiroso.
esse frio
IMPESSOAL
transparece uma
NECESSIDADE
de querer que seja
REAL
Brincamos de ser e depois que viramos adultos ainda queremos continuar.
Você se desencanta com uma veleidade de menino brincante e logo depois sustenta fantasia passada.
Por que não me diz o quer dizer?
Já pensou que pode ser tudo que preciso pra fazer?
A pressa é minha,e meu instinto de inconveniência começa a falar mais alto.
a sensação de perda
PERDIDA misturada com
bugiganga alheia
apenas esperando que a
ENCONTREM
para poder ficar perdida em
ACHADOS
é esse inefável
FOGO CRESCENTE
que cresce indecente no peito´
e DESCE para o resto do corpo
e SOBE
FAZ A CABEÇA
é um querer fazer
mais que fazer
PARTE
de você
a sensação de me deixar
asSIM
diga
dormindo não mais
PENSO acordada também
acendo uma vela
ACORDO
e
PERCO
falhada mas acesa
APAGO
quinta-feira, 12 de março de 2009
Dados libidinosos
Dado os termos, que os jogos comecem.
Dados na mesa, dado os olhos nos olhos, aos olhos por olhos forte como alho. Condimentados.
Palavras embaralhadas à mesa, à deriva. Derivada desta eram delírios, intensa atividade. Arrebatamentos tendentes a piorar.
Palavras decotadas à boca. Cantadas à boca, mastigadas num inicial suspiro derradeiro.
Morrendo a oeste, deixando que se apossem e reflitam sua virilidade. Dá lugar a esquerda escura. A hora da ambidestria talvez não fosse agora. Eclipse.
A odalisca com uma demente malemolência, dançava em frenesi uma lambada sensual, deflorando sua geografia com decoro e irrompendo numa derrisão voluptuosa.
Ora, baralho na mesa, dama na mesa!
Aposta feita! Apostavam os jogadores na deflagração súbita e impetuosa de grandes iras e paixões. Apostavam com olhares poluídos. Afinal, quem tinha coragem de dizer? Quem seria capaz de ouvir?
Dados desumanos e tão traiçoeiros. Safados. Pervertidos. Danados. Dados. Demais. Tão inocentes quanto sábios filósofos utópicos. Tão longe dali deliberações banais , finais apoteoticos(caóticos)e escancarados. Exagero. Longe dali. Exílio.
Destroçado, desmoronado. Mais nada no lugar. Escrito em muros, violentado numa orgia verbal, jaz amor.
Vou derramar café em seus planos, em seus panos, em seus dados. Pago na saída, mas não, não vou sair. Não pago. Eu dou (novos dados). Dados muitos, beijos muitos. Não misture jogos e sacanagem. Libidinosos demais para meu pobre autocontrole.
Eu quero orgias, verbos e segredos.
Eu quero medos, gritos e flores.
O problema do vidro é que tem dois lados transparentes.
O bom do espelho é que um dos lados é quase você.
Um só gole, um só copo. Cólera.
O licor doce, o absinto amargo, destes eu sou a vírgula. Da vírgula o vão.
Em vão passo, em passada vistosa e larga.
Minha parte libidinosa é Mulher.
Me bebo quente.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Uma coisa maravilhosa chamada veneno.
Caminho por uma vereda venosa.
Me falta oxigênio, sensação vertiginosa.
Não sei como meu verbalismo em demasia te atrai.
Vate, não te vás, eu veto. Continue a relembrar memórias que estou fazendo virar futuro. Tudo tão igual, mas que ainda assim fazemos com uma verve sem igual.
Quando entra no meu organismo perturba minhas noções vitais, tudo que tenho de mais fundamental, minhas bases mais básicas. Me corrompe, me embriaga, me inebria, me nina meu menino. Uma coisa maravilhosa chamada veneno.
Me deixe dormir. Talvez eu não acorde. Não vejo isso como algo ruim. Pura vaidade.
A veneta alheia é algoz e eu ainda procura meu ceticismo. Eles são tão vesanos que me assustam. Se destroem com uma voracidade veloz. Conto com você meu menino versado para me explicar como essas coisas funcionam. Você tem uma didática ótima.
Venero teus olhos que me revelam uma centralidade excêntrica.
Neles me centro.
Neles me concentro.
Não pisque. Mas mesmo de olhos fechados sinto você estudando e se afundando em meus abismos. Só mais um passo.
Essa óticaótica acontece numa veleidade tão fugaz que quando se passa muito tempo me pergunto se ela realmente existiu. Sonora, poética e literalmente você faz questão de não me deixar esquecer.
A desvirginação vistosa da visceral visão é verberativa por si só. O ventre de olhos vítreos, injetados e vis, dentre névoas de um vale carnal deturpa-se com vividez luxuriante.
Nos volatilizamos com a volição e confiança de quem se atira à abismos com a certeza de que vai cair.
Estagnamos com a voracidade de quem voa.
Engasgamos com o prazer de um afogado.
Isso? Uma coisa maravilhosa chamada veneno
terça-feira, 3 de março de 2009
Indução.Condução.Irradiação.
Enquanto ando, aliso e cativo mechas de pensamentos. Espremo, reviso, analiso e avalio até pegar outra mecha, enquanto ando no lugar seguro e politicamente correto.
Prefiro o movimento.
Há um meio buraco brilhante no céu, no meio da fumaça cintilante.
Minha tão necessária alegria convertida no meu meio sorriso cativante e gentil.
Um lembrete: lembre-te, é só isso que te peço. Lembre-te e de mais nada te lembro.
Você é minha panaceia e meu vício. Contraditório? Não, real.
Eu brinco de te induzir e você se deixa conduzir por mim. Te induzo/conduzo à minha sedução barata, sutil, discreta e sem charme. É disso que você reclama mas é exatamente o que você procura.
Nosso calor se propaga por irradiação. Existe um vácuo entre nós que quase não fazemos esforço para ultrapassar. Não há pontes, não há caminhos floridos, não há escadas nem nada, apenas vácuo, apenas irradiação.
Meu arrepio te excita, os meus sons te estimulam, mas não diga que te basto.
(Uma frustração: saber por sentir que nunca é o suficiente e não chega nem perto de ser o bastante.)
Queremos. É mais que querer. Desejar. É sempre mais e temos sempre menos. É isso que temos, é isso que queremos, é isso que tentamos querer. O intermédio disso oscila entre vibrações de necessidade necessária e inércia de pensamento; a letargia só ocorre quando... na verdade ela não ocorre. O que pára é a mente, que mente e se recusa a pensar pra não ter consciência da abstinência.
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